sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Futebol de base

Elite da Europa prioriza Mundial Sub-17 na corrida por futuros craques.

Dados da FIFA (Federação Internacional de Futebol) mostram que grandes clubes enviaram mais observadores ao torneio da Indonésia do que no Mundial Sub-20, na Argentina. Especialistas apontam motivos.

Ninguém quer perder a corrida pelo novo craque. 

Na elite da Europa, a ordem é só uma: se antecipar. 

O Mundial Sub-17 evidenciou como é cada vez mais precoce essa busca. 

O torneio, que será decidido neste sábado (2) por Alemanha e França, teve maior atenção dos grandes clubes do mundo em relação ao Mundial Sub-20, realizado em maio.

Em 2023, a FIFA realizou seus torneios de base depois de quatro anos. 

O calendário ficou prejudicado por conta da pandemia. 

O hiato aumentou o interesse dos departamentos de scout dos clubes pelo mundo nas competições.

Segundo a FIFA, o Mundial Sub-17 da Indonésia contou com aproximadamente 500 pedidos de ingressos por observadores técnicos e scouts, os famosos olheiros. 

Ao Globo Esporte, a entidade informou que eles vieram de cerca de 50 clubes diferentes, cuja “vasta maioria era da Europa”.

A FIFA informou que o Mundial Sub-20, vencido pelo Uruguai em maio, teve a mesma quantidade de pedidos de bilhetes por observadores técnicos. 

No entanto, eles vieram de 62 clubes diferentes, cuja maioria era das Américas do Norte, Central e do Sul.

Os europeus focaram no torneio que tinha os jogadores mais jovens. Enquanto as competições sub-20 contam com muitos atletas profissionais, às vezes convocados para seleções principais, o sub-17 reúne jovens em formação. 

Ainda adolescentes. 

Há mais novidades. 

E possíveis negociações seriam mais baratas.

Ex-scout de equipes como Arsenal, Manchester United e Saint-Éttienne, o brasileiro Sandro Orlandelli diz que a elite do futebol quer o jogador mais jovem para pagar menos por ele. 

E para formá-lo melhor ao estilo do clube.

"Contratar um jogador mais jovem te dá a chance de pagar um preço menor do que se fosse um jogador sub-20. Esse é o motivo maior. O segundo ponto é o potencial que esse jogador tem. Ele vai conseguir ser mais bem trabalhado na equipe que for adquirir esse talento. O perfil de jogo, as características das funções que o clube imagina que o jogador seja adequado, ele vai conseguir aos poucos ser mais adaptado", diz Orlandelli, que é membro da Uefa Academy e ex-diretor-técnico do Red Bull Bragantino e Internacional.

A FIFA (Federação Internacional de Futebol) proíbe transferências internacionais de jogadores com menos de 18 anos. 

Por isso Endrick, que completará a maioridade em julho de 2024, ainda espera para ir ao Real Madrid. 

Kendry Páez, que estreou na seleção principal do Equador, tem 16 anos e está negociado pelo Independiente del Valle ao Chelsea. 

Ele fará 18 em maio de 2025.

Ao Globo Esporte, um observador técnico de um grande clube inglês indica que a categoria sub-17 é encarada como um mapeamento. 

O sub-20 é a confirmação. 

É onde o jogador começa a se igualar fisicamente com os profissionais. 

Por isso, a elite da Europa se move para que esse amadurecimento ocorra no próprio clube.

"Esse jovem vai ter as interações, com certeza vai ter um processo de adaptação que vai ajudar muito na chegada no país local. Primeiro, vai pagar menos. E o segundo, você vai trabalhar melhor o potencial, você tem mais tempo para conseguir ajudar a desenvolver e adaptar esse talento", reitera Sandro Orlandelli.

Sub-17 é último momento para “chegar na frente”: Os grandes clubes não acompanham as competições sub-17 em busca do novo Neymar. 

Do novo Vinicius Junior. 

Do novo Endrick. 

Todos conhecem os grandes craques. 

Eles normalmente jogam cedo no time profissional e têm ampla cobertura na mídia. 

A elite da Europa mira as novidades.

Thiago Freitas é chefe de operações da Roc Nation Sports no Brasil, empresa do cantor Jay-Z, que se tornou acionista majoritária e da TFM Agency. 

A agência gere as carreiras de Vinicius Junior, Lucas Paquetá, Endrick, Gabriel Martinelli e outros. 

Ele reitera que a chance de surpreender em torneios sub-17 é maior do que no sub-20.

“O Mundial Sub-17 pode ser considerado hoje o último momento relevante para quem quer chegar na frente”, reitera Thiago Freitas.

"É a chance de garantir a transferência de um atleta de destaque, com um número reduzido de postulantes, que é o dos que podem "pagar antes de receber", e para os atletas, uma grande oportunidade de receberem ofertas para concluir sua formação fora do seu país de origem, sem mesmo passarem pela equipe principal de seus clubes", diz o COO da Roc Nation Sports no Brasil.

Comandada por Phelipe Leal, a seleção brasileira foi eliminada nas quartas de final do Mundial Sub-17 após derrota por 3 a 0 para a Argentina. 

A expectativa era terminar entre os quatro primeiros, e a queda para a rival foi frustrante, mas a campanha revelou nomes que estarão no radar de gigantes da Europa. 

O principal destaque brasileiro foi o meia-atacante Estêvão, que chegou a ser relacionado no time principal do Palmeiras após retornar da Indonésia. 

Sidney, volante do Bahia, e Kauã Elias, atacante do Fluminense, que fez quatro gols no Mundial.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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