segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Time grande não cai?

17 clubes que disputarão as Séries A, B e C em 2023 nunca foram rebaixados.

Além de Cuiabá, Flamengo, Santos e São Paulo, na Série A, outros 13 clubes, sendo 11 destes na Série C, ostentam o orgulho de jamais terem sido rebaixados na história do Campeonato Brasileiro.

Time grande não cai! 

É esse o argumento utilizado por torcedores de grandes clubes do futebol brasileiro para sustentar uma verdadeira dinastia na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. 

São os casos de Flamengo, Santos e São Paulo, que, em suas ricas e longas histórias jamais deixaram de figurar na elite do futebol nacional. 

No entanto, no histórico geral, outras 14 equipes que ainda estão em plena atividade no Brasil jamais conheceram o amargor de um rebaixamento, mesmo algumas destas não estando entre as 20 equipes que compõem a primeira divisão do Brasileirão.

É importante frisar que, para critério de compilação dos dados desta matéria, foram excluídas as equipes que jamais jogaram qualquer divisão do Campeonato Brasileiro e até mesmo aquelas que participaram apenas da Série D do Campeonato Brasileiro, haja vista que a quarta divisão não prevê nenhum tipo de rebaixamento. 

Também não fazem parte da lista quaisquer dados referentes a rebaixamentos em campeonatos estaduais.

A conta hoje é a seguinte: dos 60 clubes que vão disputar as séries A, B ou C em 2023, e que, portanto, possuem risco de serem rebaixados, 17 times deles nunca caíram de divisão. 

Destes, 4 clubes estão na Série A, 2 clubes na Série B e 11 clubes na Série C do Campeonato Brasileiro.

Clubes das Séries A, B e C de 2023 que nunca caíram: 

Campeonatos Clubes

Série A: Cuiabá-MT, Flamengo-RJ, Santos-SP e São Paulo-SP.

Série B: Grêmio Novorizontino-SP e Tombense-MG.

Série C: Altos-PI, Amazonas-AM, Aparecidense-GO, Botafogo-PB, Floresta-CE, Manaus-AM, Mirassol-SP, Pouso Alegre-MG, Esporte Clube São Bernardo-SP, São José-RS e Ypiranga-RS.

Fonte: Globoesporte.globo.com

A temporada 2022 do Campeonato Brasileiro, inclusive, marcou duas quedas inéditas. 

Isso porque Operário-PR e Brusque-SC, que haviam feito a escalada da Série D para a Série B do Brasileirão nos últimos anos, apenas haviam subido de divisão, mas nunca caído. 

Em 2023 as equipes da região sul do país disputarão juntos a 3ª divisão.

A grande dúvida que permeia a cabeça do torcedor se dá no motivo pelo qual tantas equipes que nunca caíram não estão na elite do futebol nacional, alguns, inclusive, não disputam a Série A há décadas ou até mesmo nunca disputaram. 

A explicação está nas muitas viradas de mesa e na variedade de fórmulas que classificavam os times para as competições nacionais por meio dos estaduais.

Entre as décadas de 1970 e 1980, houve, ao todo, nove mudanças de regulamento na elite do futebol brasileiro. 

Nesse cenário, um determinado clube até podia ir bem no Brasileirão, mas ficava fora no ano seguinte por não ter feito uma boa campanha no estadual.

O cenário de equipes que chegam longe no Campeonato Brasileiro, mas acabam ficando de fora da edição seguinte do certame é algo que acontece de forma recorrente na Série D. 

Muito por isso, o número atual de 17 clubes que nunca foram rebaixados pode aumentar em breve. 

Isso porque uma série de equipes que disputam recorrentemente a quarta divisão do Campeonato Brasileiro jamais disputaram, nos moldes atuais, qualquer uma das três principais divisões do campeonato nacional.

Historicamente, o primeiro campeonato nacional que previu quedas de divisão foi a Taça de Ouro de 1982. 

Na época, os últimos colocados de cada grupo, que eram oito no total, acabaram rebaixados no mesmo ano para a Taça de Prata, que equivalia à segunda divisão da época, disputando as fases finais da competição naquela mesma temporada. 

Foi assim que, por exemplo, a Juventus-SP "caiu" em 1983 e no mesmo ano conquistou o título da Série B.

Reviravoltas e viradas de mesa: Os números de equipes rebaixadas a preço de hoje, no entanto, poderiam ser diferentes. 

Isso porque, ao longo da história do Campeonato Brasileiro, muitos rebaixamentos foram cancelados, e as famosas viradas de mesa foram acionadas várias vezes. 

A mais famosa delas aconteceu em 1996 e acabou salvando Fluminense e Bragantino da queda. 

O efeito cascata chegou à Série B e evitou os rebaixamentos de Goiatuba, Sergipe e Central.

Outros que tiveram suas quedas anuladas na Série A foram Náutico e Paysandu (1992) e o Gama (1999). 

Esta última acabou criando a Copa João Havelange e proporcionando uma verdadeira revolução em todas as séries do Brasileirão. 

Já na Série B, em 1995, o Barra do Garças, do Mato Grosso, foi excluído após ter acumulado dívidas junto à Federação Mato-Grossense de Futebol. 

Com isso, o rebaixamento da Ponte Preta, que havia terminado o campeonato na vigésima vigésima terceira colocação daquela Segundona, à Série C do ano seguinte foi cancelado.

Em 2013, mais um episódio de virada de mesa. 

Isso porque ao fim daquela edição do Campeonato Brasileiro, os rebaixados foram, respectivamente: Fluminense, Vasco, Ponte Preta e Náutico. 

No entanto, ao término do campeonato, a Portuguesa foi denunciada pela Procuradoria Geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva por ter escalado o jogador Héverton contra o Grêmio, na última rodada. 

O atleta foi punido com dois jogos de suspensão por ter sido expulso na partida contra o Bahia, a 24 de novembro, mas cumpriu apenas uma partida e não poderia atuar na rodada final.

Como consequência a Lusa foi punida em primeira instância pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) com a perda de 4 pontos, caindo da décima segunda posição para a décima sétima colocação na tabela de classificação sendo rebaixado para a Série B no lugar do Flamengo, que também foi punido pela escalação irregular do jogador André Santos, perdendo assim 4 pontos e caindo da décima primeira posição para a décima sexta posição, uma acima da zona de rebaixamento. 

O Fluminense, beneficiado indiretamente pelas punições, acabou tendo a sua queda evitada e saiu da décimo sétimo lugar para a décima quinta colocação.

Todos os rebaixamentos da história: 

Número de rebaixamentos Clubes Série A Série B Série C

8 Santa Cruz 1988 I 1993 I 2001 I 2006 I 2016 2007 I 2017 2021

8 Vitória 1982 I 1991 I 2004 I 2010 I 2014 I 2018 2005 | 2021

7 América-MG 1993 I 1998 I 2001 I 2011 I 2016 I 2018 2004

7 América-RN 1982 I 1998 I 2007 2004 I 2010 I 2014 2016

7 Cricíuma 1988 I 1997 I 2004 I 2014 2005 I 2008 I 2019

6 Coritiba 1989 I 1993 I 2005 I 2009 I 2017 | 2020

6 Fortaleza 1983 I 1993 I 2003 I 2006 1994 I 2009

6 Goiás 1982 I 1993 I 1998 I 2010 I 2015 | 2020

6 Joinville 1982 I 1983 I 2015 2004 I 2016 2018

6 Náutico 1994 I 2009 I 2013 1998 I 2017 | 2022

6 Paysandu 1983 I 1995 I 2005 2006 I 2013 I 2018

6 Sport 1989 I 2001 I 2009 I 2012 I 2018 | 2021

5 ABC 2001 I 2009 I 2015 I 2017 2019

5 Avaí 2011 I 2015 I 2017 I 2019 | 2022

5 Bahia 1997 I 2003 I 2014 | 2021

5 Guarani 1989 I 2004 I 2010 2006 I 2012

5 Paraná 1999 I 2007 I 2018 2020 2021

5 Portuguesa 2002 I 2008 I 2013 2014 2016

5 Juventude 2007 | 2022 2009 I 2018 2010

4 Atlético-GO 2012 I 2017 | 2022 1998

4 Botafogo-SP 1999 I 2001 2002 | 2020

4 CSA 1982 I 1983 I 2019 2022

4 Figueirense 2008 | 2012 | 2016 2020

4 Gama 2002 2003 | 2008 2010

4 Ipatinga 2008 2010 I 2012 2013

4 Mogi Mirim 1997 I 2004 I 2015 2017

4 Remo 1994 2004 I 2007 | 2021

4 Sampaio Corrêa 2002 I 2016 I 2018 2009

4 Vasco 2008 I 2013 I 2015 | 2020

4 Vila Nova-GO 2006 I 2011 I 2014 I 2019

3 Athletico-PR 1989 I 1993 I 2011

3 Botafogo 2002 I 2014 | 2020

3 Boa Esporte 2015 I 2018 2020

3 Brasil de Pelotas 2021 2011 | 2022

3 Bragantino 1998 2002 I 2016

3 Campinense 2009 2011 | 2022

3 Ceará 1993 I 2011 | 2022

3 Desportiva 1982 I 1983 2001

3 Ferroviário 1982 I 1983 2022

3 Grêmio 1991 I 2004 | 2022

3 Grêmio 2010 2012 2013

3 Icasa 2011 I 2014 2015

3 Mixto 1982 I 1983 2009

3 Moto Club 1983 1997 2017

3 Ponte Preta 2006 I 2013 I 2017

3 Salgueiro 2011 2002 I 2018

3 São Caetano 2006 2013 2014

3 Tupi 2016 2012 | 2018

3 Treze 1983 2014 | 2020

3 União São João 1995 I 1997 2003

2 Americano 1998 I 2002

2 ASA 2013 2017

2 Bangu 1988 1995

2 Confiança 2021 2009

2 Chapecoense 2019 | 2021

2 CRB 2008 I 2012

2 Duque de Caxias 2011 2014

2 Fluminense 1997 1998

2 Guarany de Sobral 2002 2012

2 Guaratinguetá 2013 2016

2 Juventus 1983 1998

2 Londrina 2004 I 2019

2 Luverdense 2017 2019

2 Macaé 2015 2017

2 Marília 2008 2011

2 Nacional-AM 1982 2001

2 Oeste 2020 2021

2 Palmeiras 2002 | 2012

2 Rio Branco-AC 2011 | 2013

2 River-PI 1982 2016

2 São Bento 2019 2020

2 Sergipe 1996 I 2001

2 Tuna Luso 1999 I 2001

1 Águia de Marabá 2015

1 Alecrim 2010

1 América-RJ 1988

1 América-SP 1995

1 Anapolina 2005

1 Araguaína 2011

1 Atlético-AC 2019

1 Atlético-CE 2022

1 Atlético-MG 2005

1 Baraúnas 2013

1 Barra do Garças 1995

1 Brasília 1983

1 Brusque 2022

1 Central de Caruaru 1997

1 Corinthians 2007

1 Crac 2014

1 Cruzeiro 2019

1 Democrata 1995

1 Ferroviária 1995

1 Galícia 1983

1 Globo FC 2019

1 Goiatuba 1997

1 Internacional 2016

1 Inter de Limeira 1990

1 Imperatriz 2020

1 Itabaiana 1982

1 Ituano 2007

1 Jacuipense 2021

1 Juazeirense 2018

1 Madureira 2015

1 Marcílio Dias 2009

1 Nacional-AM 1982

1 Novorizontino 1995

1 Operário-PR 2022

1 Paulista 2007

1 Rio Branco-ES 1983

1 River-PI 1982

1 São Raimundo-AM 2006

1 São Raimundo-PA 2010

1 Serra 2001

1 São José-SP 1990

1 Taguatinga 1982

1 Tiradentes-DF 1994

1 União Barbarense 2005

1 Volta Redonda 1998

1 XV de Piracicaba 2002

Fonte: Globoesporte.globo.com

*Importante ressaltar que o Novorizontino, citado na lista acima, é uma agremiação diferente do Grêmio Novorizontino, criado em 2010 e que disputa atualmente a Série B do Campeonato Brasileiro.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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