Em amistoso com refugiados, Vasco recebe família de Moïse e lança manifesto de defesa de imigrantes.
Evento aconteceu neste domingo (20), em São Januário, e teve a presença de familiares do congolês assassinado no mês passado no Rio de Janeiro.
O Vasco promoveu neste domingo, em São Januário um amistoso entre uma seleção de refugiados e uma seleção de brasileiros.
A partida foi em homenagem ao congolês Moïse Kabagambe, assassinado no Rio de Janeiro no mês passado. A família dele esteve presente.
Os dois times entraram no campo de São Januário com faixas e nas camisas a hashtag #JustiçaPorMoise.
A família de Moïse entrou em campo e fez um tour pelo estádio, onde conheceu a história do Vasco na luta contra o racismo e o preconceito.
O Vasco aproveitou a oportunidade para lançar um manifesto em defesa dos imigrantes e refugiados.
“MANIFESTO EM DEFESA DOS IMIGRANTES E REFUGIADOS
As migrações são tão antigas quanto a humanidade.
Desde os primórdios, pessoas se movimentam entre regiões, países e continentes, com diferentes motivações, ambições e dores particulares, buscando vidas melhores, estabilidade ou, tão simplesmente, resguardar suas vidas e a dos seus familiares.
As migrações sempre contribuíram para o avanço da humanidade.
O enriquecimento cultural e a economia são diretamente beneficiados pelas movimentações populacionais, e o Club de Regatas Vasco da Gama é testemunha de tal realidade
Criado em 1898, o Vasco era tido como um clube de colônia, com orgulho. Portugueses radicados no Rio de Janeiro, orgulhosos de suas tradições, fundaram um clube que refletia sua própria identidade: profundamente portugueses e não menos brasileiros.
O Vasco é um clube que reflete as migrações e o sonho por uma vida melhor.
Os fundadores do Vasco da Gama não tiveram vida fácil. Taxados de estrangeiros pelas elites da época, como o diferente a ser afastado, o Vasco não recuou e trouxe para si outra bandeira histórica: a da luta contra o racismo.
O clube pioneiro na inclusão de negros e trabalhadores em competições futebolísticas de alto nível no Rio de Janeiro já conhecia os caminhos da luta contra o preconceito.
Luta-se contra o racismo com iniciativas de inclusão.
É a mesma fórmula do combate à xenofobia, em favor de migrantes e refugiados de todo o mundo.
O Vasco da Gama se solidariza com todas as vítimas de racismo e xenofobia, e se insurge contra esses crimes.
Casos como os de Moïse Kabagambe calam fundo na alma dos vascaínos e são ilustrativos das condições enfrentadas por pessoas que desejam oportunidades de vidas melhores e mais seguras.
Se o esporte é um espaço de mudança da sociedade, o combate ao racismo e à xenofobia devem estar entre as prioridades de um clube que se orgulha de seu histórico de responsabilidades diante do mundo que o cerca.
O Vasco da Gama convida a todos para uma reflexão e para que juntos possamos erradicar essas mazelas que envergonham nosso país.
Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 2022.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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