Schalke 04 rescinde contrato de patrocínio com estatal russa após 15 anos de parceria.
Maior empresa de exportação de gás natural do mundo, Gazprom é uma das principais parceiras da UEFA (União das Associações Europeias de Futebol).
Entenda a relação da empresa com o futebol europeu.
O Schalke 04, tradicional clube alemão, anunciou nesta segunda-feira (28) que rescindiu contrato com a Gazprom, empresa estatal russa do ramo de energia.
O clube já tinha anunciado na quinta-feira passada (24), quando começou a guerra na Ucrânia, a retirada do nome do patrocinador das camisas.
Agora, o fim de vez da parceira de 15 anos com a maior empresa de exportação de gás natural do mundo.
“A diretoria do FC Schalke 04 decidiu, com a aprovação do conselho fiscal, encerrar prematuramente a parceria entre FC Schalke 04 e Gazprom. A plena capacidade financeira do clube mantém-se inalterada após esta decisão”, diz comunicado oficial do Schalke.
O patrocínio que ligava o clube e a empresa russa prosseguiria até 2025 e deveria render 9 milhões de euros (R$ 52 milhões) por ano ao Schalke, clube da cidade de Gelsenkirchen, local histórico do futebol da bacia do Ruhr, que foi rebaixado no ano passado para a segunda divisão.
Em caso de volta à Bundesliga, o contrato previa um aumento do patrocínio, até 15 milhões de euros por temporada.
Gazprom e o futebol europeu: A Gazprom é a maior empresa russa do ramo de energia e também a maior exportadora de gás do planeta, sendo fornecedora fundamental para diversos países europeus com economia forte.
A gigante é patrocinadora do Schalke desde 2007 e tem outros investimentos importantes no futebol europeu, também sendo uma parceira antiga da Uefa, a ponto de patrocinar a Liga dos Campeões.
Inclusive, é a gigante russa que dá nome comercial ao Estádio Krestovsky, em São Petersburgo, local para onde a final da Liga dos Campeões 2021/22 está marcada.
Casa do Zenit, clube também patrocinado pela empresa, e palco de duelos na Copa do Mundo de 2018, o estádio, porém, pode deixar de receber a decisão por conta do conflito entre russos e ucranianos.
O Comitê Executivo da UEFA se reunirá nesta sexta-feira para tomar uma decisão sobre o evento, marcado para 28 de maio.
Estritamente ligada ao governo russo, empresa tem forte investimento no futebol: Fundada em 1989, na reta final da antiga União Soviética, a Gazprom provém do Ministério da Indústria do antigo regime.
Apesar do processo de privatização, a empresa tem mais de metade das ações pertencentes ao governo russo, que, desta forma, toma decisões sobre seu comando e sobre a exportação de gás.
O investimento nos esportes passou a ser uma das formas da empresa fortalecer sua marca e chegou ao futebol em 2005, com a compra da maioria das ações do Zenit, que, a partir daí, passou a ser uma equipe dominante no futebol russo e ganhou notoriedade no continente, conquistando, inclusive, uma Liga Europa, em 2008.
A Gazprom também financiou a construção do Estádio Krestovsky, que se tornou uma das mais imponentes sedes da Copa do Mundo de 2018 e também foi palco da final da Copa das Confederações, um ano antes.
E, agora, tinha o objetivo de receber sua primeira decisão da Liga dos Campeões, que, inicialmente, estava marcada para o ano passado, mas foi adiada por conta dos problemas de calendário relacionados à pandemia da Covid-19.
Após iniciar a atuação junto ao Zenit, a Gazprom passou a expandir seus braços pelo futebol europeu e se tornou patrocinadora do Schalke 04 em 2007.
A escolha por um clube tradicional da Alemanha foi vista como estratégica, uma vez que o país é um dos maiores importadores do gás exportado pela empresa na Europa.
Depois, em 2010, veio o patrocínio ao Estrela Vermelha, da Sérvia, um país que tem posição fundamental no Leste Europeu e por onde gasodutos importantes da empresa passam.
Há, ainda, uma relação indireta da empresa com o Chelsea, através de seu dono: Roman Abramovich.
O magnata russo comprou o clube em 2004, pouco antes de vencer as ações de sua empresa de petróleo para a Gazprom por bilhões de euros.
Nos anos seguintes, Abramovich investiu milhões de euros consecutivamente no Chelsea e transformou a pequena equipe inglesa em gigante continental, agora bicampeã europeia e campeã mundial.
A relação com a Uefa, por sua vez, começou em 2012.
A gigante russa passou a patrocinar a Liga dos Campeões e a Supercopa da UEFA naquele ano e vem renovando contratos com a confederação europeia, abrindo caminho para que São Petersburgo fosse escolhida para ser palco de uma final do torneio.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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