quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Futebol americano

Brasil conhece oponentes no Mundial de Flag Football, possível esporte olímpico em 2028.

Variação do futebol americano tradicional conta com apoio da NFL para integrar os Jogos de Los Angeles.

Depois de meses de luta para viabilizar financeiramente a participação no torneio, está chegando a hora de entrar em campo e competir. 

A IFAF (Federação Internacional de Futebol Americano) anunciou nesta quarta-feira (27) os grupos do Mundial de Flag Football, esporte que é uma variação sem contato do futebol americano tradicional e que conta com o apoio da NFL para integrar o programa das Olimpíadas de Los Angeles em 2028.

A seleção masculina, estreante na competição, estará no grupo C, junto com Dinamarca, Itália, Espanha, Japão e Suíça. 

Já a feminina, que vai para a sua quinta participação, fará parte da chave D, ao lado de México, Israel, Dinamarca, Japão e Eslovênia.

Por se tratar de um esporte amador no Brasil, o principal obstáculo para a presença das nossas seleções foi a parte financeira. 

Entre passagens, hospedagem e outros custos, cada atleta vai desembolsar cerca de R$ 10 mil do próprio bolso, com alguns tentando abater o valor com rifas e financiamentos coletivos. A CBFA arcou com parte das taxas do torneio.

"É o sonho de representar o meu país em uma competição internacional, em um Mundial. Alinhar com outros 14 caras de lugares e sotaques completamente diferentes e ouvir o hino nacional brasileiro com a bandeira do brasil esticada. Isso definitivamente não tem preço", disse Nicolas Quadro, atleta da seleção masculina e do Floripa Ghosts.

O que é o Flag Football?

O Flag Football foi criado como uma alternativa sem contato físico do futebol americano tradicional. 

Ao invés de derrubar o oponente, no Flag a jogada para quando o defensor retira uma das fitas presas no cinto do jogador com a bola. 

Isso torna o esporte mais acessível do que a versão tradicional, já que dispensa a necessidade dos caros equipamentos e, obviamente, é mais seguro de se praticar.

Existem algumas variações do Flag Football, mas a mais popular e que será disputada no Mundial é a 5x5. 

As diferenças em relação ao futebol americano tradicional, além da ausência de contato, são:

Cada equipe tem cinco jogadores em campo, ao invés dos 11 da versão original.

O campo é menor, com 70 jardas (64 metros) de comprimento por 25 jardas (23 metros) de largura, incluindo as endzones.

A partida tem dois tempos de 20 minutos, com 25 segundos para dar início a cada jogada e o relógio só para quando há troca de posse de bola ou nos dois minutos finais quando uma das equipes conquista primeira descida. 

Cada time tem direito a dois timeouts por tempo.

Todos os jogadores em campo são elegíveis para receber passe, não há linha ofensiva.

Não há field goal ou punt.

As campanhas sempre começam na linha de 5 jardas do campo de defesa, com exceção em interceptações.

O primeiro jogador a receber o snap não pode avançar com a bola.

"Flag Football é muito integral ao crescimento do esporte ao redor do mundo. É mais barato por não precisar dos equipamentos, você começa uma liga com menos jogadores, você não precisa de campos específicos com traves específicas. Os custos para começar, o número de jogadores jogadores e os requerimentos de campo o tornam uma opção muito melhor que o futebol americano com tackle para crescimento, não esquecendo o fato de que não ter contato o torna mais seguro", disse Richard MacLean, presidente da federação internacional de futebol americano, ao globo esporte.

Pode virar esporte olímpico?

Com as Olimpíadas retornando aos Estados Unidos em 2028, ganhou força o movimento para ter o futebol americano, esporte mais popular do país, integrando o programa olímpico. 

Como seria muito difícil inclui-lo por diversas questões, como tamanho de cada time (mais de 50 atletas) e dificuldade para encaixar uma competição inteira em duas semanas, o Flag Football surgiu como melhor opção.

Segundo matéria da "Reuters" em abril, a NFL ofereceu apoio à Federação Internacional de Futebol Americano para ajudar a incluir o Flag no programa dos Jogos de Los Angeles em 2028. 

O esporte já integrará o programa do World Games de 2022, evento esportivo internacional que engloba modalidades que não fazem parte das Olimpíadas, e os Jogos Mundiais Universitários de 2024.

O Flag Football, por contar com elencos menores e com a possibilidade de disputar mais jogos em um período mais curto, se encaixaria melhor nas Olimpíadas. 

Além disso, há um equilíbrio maior de forças do que na versão tradicional. 

Entre os homens os Estados Unidos venceram quatro de nove edições, enquanto no feminino o país só conquistou o título uma vez.

A IFAF luta para ser reconhecida integralmente pelo Comitê Olímpico Internacional, já que atualmente conta com reconhecimento provisório. 

Isso pode acontecer ainda em 2021 e seria um passo importante para integrar o programa das Olimpíadas de 2028, enquanto a Federação já mantém diálogo com o comitê organizador do evento.

Flag Football no Brasil: Assim como o futebol americano, o Flag Football é um esporte praticado no Brasil há pouco tempo. 

O crescimento da modalidade tradicional puxou junto o Flag, que se faz atrativo pelos motivos citados anteriormente, como custo menor e ausência de contato físico, que o torna mais seguro.

"Com o crescimento do futebol americano no Brasil, o Flag subiu junto, principalmente porque é um esporte mais fácil, mais acessível e mais barato de se praticar, considerando obviamente a nossa realidade financeira. Os equipamentos do futebol americano são muito caros, e além disso, no flag é mais fácil você introduzir a garotada de 14, 15, 16 anos. Temos muito ainda pra evoluir, mas estamos no caminho certo", disse Nicolas Quadro.

Se a seleção masculina estreará no Mundial esse ano, a feminina já é uma figurinha carimbada na competição. 

O Brasil participou das últimas quatro edições, mostrando clara evolução: décimo segundo lugar em 2012, décimo lugar em 2014, sexto lugar em 2016 e sexto lugar novamente em 2018, com direito a MVP defensiva do torneio para Pamela Peres.

"Quando começamos o futebol americano feminino e Flag aqui no Brasil, em meados de 2007, um pouco depois surgiu um convite em 2011 para a gente participar da modalidade Flag Football 5x5 no Mundial de 2012. Nós não conhecíamos essa modalidade, jogávamos o 8x8, e quando conhecemos logo de cara nos apaixonamos e percebemos que mesmo com a mesma dinâmica de estratégia, super inteligente, tem muitas diferenças e são modalidades totalmente diferentes. Nos apaixonamos por ela, além de pensar muito que desde 2012 eles já falavam que seria uma possível modalidade olímpica", disse Victoria Guglielmo, treinadora da seleção brasileira feminina e que participou de quatro edições do mundial, três como jogadora e uma como coordenadora defensiva.

O Mundial de Israel: O Mundial de Flag Football acontece de dois em dois anos desde 2002, sempre com versão masculina e feminina na mesma sede. 

Em 2020 a competição seria realizada na Dinamarca, mas a pandemia obrigou o seu cancelamento. 

O torneio passou então para 2021 e acontecerá em Israel entre os dias 6 e 8 de dezembro.

No feminino serão três grupos de cinco seleções e um de seis, um total de 21 países. 

As equipes enfrentam todas da mesma chave e as duas primeiras colocadas de cada se classificam para o mata-mata, começando nas quartas de final.

Grupo A: Estados Unidos, Espanha, França, Time Neutro*, Finlândia

Grupo B: Panamá, Belarus, Itália, República Tcheca e Chile

Grupo C: Canadá, Áustria, Alemanha, Suécia e Suíça

Grupo D: México, Israel, Dinamarca, Japão, Brasil e Eslovênia

No masculino o formato de disputa é o mesmo. 

A única diferença fica pelo número de participantes, que serão 24 seleções divididas em quatro grupos de seis. 

São eles:

Grupo A: Estados Unidos, Canadá, França, Suécia, Chile e Eslovênia

Grupo B: Áustria, Panamá, Coreia do Sul, Time Neutro*, Belarus e Índia

Grupo C: Dinamarca, Itália, Espanha, Japão, Suíça e Brasil

Grupo D: México, Israel, Alemanha, Finlândia, Tailândia e Eslováquia

*- Time Neutro trata-se da seleção russa, que ainda não pode competir usando cores e nomes do país devido à suspensão pelo escândalo de doping, o mesmo que fez a sua delegação competir como Comitê Olímpico Russo nas Olimpíadas.

Entre as mulheres, as grandes forças no esporte são os Estados Unidos, Panamá e México. 

Num nível abaixo aparecem Áustria, Canadá e o próprio Brasil, que foi sexto colocado nas últimas duas edições do Mundial.

Já no torneio masculino os Estados Unidos, campeões das últimas três edições e com quatro títulos no geral, desponta como grande favorito. 

Dinamarca, atual campeão europeia, e Itália, derrotada pela seleção dinamarquesa, também são fortes, além da Áustria e dos donos da casa, Israel.

Calendário (horário de Brasília):

Masculino:

06/12/2021 - 9h30: Brasil X Espanha

06/12/2021 - 12h: Brasil X Japão

06/12/2021 - 16h30: Brasil X Suíça

07/12/2021 - 8h15: Brasil X Dinamarca

07/12/2021 - 10h45: Brasil X Itália

Feminino:

06/12/2021 - 8h15: Brasil X Eslovênia

06/12/2021 - 10h45: Brasil X México

06/12/2021 - 13h15: Brasil X Dinamarca

07/12/2021 - 2 horas: Brasil X Japão

07/12/2021 - 4h30: Brasil X Israel

Convocação da seleção masculina:

Adan Rodriguez (recebedor) - Coritiba Crocodiles

Alexandre “Menorito” Coimbra (defensor) - Flag Kings

Bruno de Souza (defensor) - Bulls Potiguares

Felipe “Feijão” Alves Leite (defensor) - Campo Grande Predadores

Fernando Takai (quarterback) - São Paulo Buzz

Guilherme Belliero (defensor) - São Paulo Buzz

Gustavo Baioni (recebedor) - Campo Grande Predadores

João Felipe Couto (blitzer) - São Paulo Buzz

Leonardo Hirai (defensor) - Sorocaba Braves

Leonardo “Mclovin” Rodrigues (snapper e recebedor) - São Paulo Buzz

Lucca Germano (recebedor e quarterback) - São Paulo Buzz

Marcos Vinicius “Seya” (recebedor) - São Paulo Buzz

Nicolas Quadro (snapper e recebedor) - Floripa Ghosts

Rafael Polidoro (defensor e blitzer)- São Paulo Buzz

Renato Mumford (recebedor) - Bulls Potiguares

Convocação da seleção feminina:

Alessandra Rodrigues de Souza (Quarterback) – Spartans

Amanda Boabaid (Defensora) – Brasília Selvagens

Ariane Aparecida Lozada (Recebedora e blitzer) – São Paulo Storm

Carolina de Lima (Defensora) – Cobrarés

Ester Biss de Alencar (Recebedora, Passadora e Blitzer) – Antares

Karoline Furoni de Abreu Souza (Defensora) – Caipiras

Karolyne Priscyla dos Santos (Quarterback) – Brasília Selvagens

Kely Araújo Silva das Dores (Defensora) – Antares

Lara Ferraz Torelli (Recebedora e Center) – Piedade Hainus

Lara Rodrigues Nesralla (Recebedora e Blitzer) – Brasília Selvagens

Luíza Calaça Martins (Center, Recebedora e Blitzer) – Antares

Mariana Martins (Defensora) – Antares

Taísa Alencar (Recebedora e Blitzer) – Cobrarés

Pamela Peres (Defensora) – Brasília Selvagens

Pamella Pereira (Defensora) - Phoenix

O Mundial de Flag Football dará oito vagas para a disputa do World Games, que acontecerão ano que vem nos Estados Unidos entre os dias 7 de julho e 17 de julho na cidade de Birmingham, no estado do Alabama. 

E estar lá é o objetivo da seleção brasileira, tanto da feminina quanto da masculina.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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