Com estádios vazios, juízes marcam mais faltas e mostram mais cartões para mandantes.
Análise de 3.270 resultados de 11 campeonatos nacionais da Europa mostra que após a retomada com portões fechados, visitantes vencem 30% mais na Alemanha e na Espanha.
A uma semana do início do Campeonato Brasileiro, um estudo inédito realizado pelo economista Bruno Imaizumi para o Espião Estatístico comparando jogos realizados antes e depois da parada mostra que nos campeonatos nacionais da Europa, os juízes passaram a marcar mais faltas e a mostrar mais cartões amarelos e vermelhos para os mandantes.
Coincidência ou não, os times de casa passaram a ter mais dificuldades para se impor em campo.
Sem contar países como a França, que deu por encerrada sua liga com o Paris Saint-Germain sendo declarado campeão sem a realização de jogos com portões fechados, o estudo analisou 3.270 resultados de 11 campeonatos nacionais, e encontrou um crescimento geral de 7% no número de vitórias dos visitantes na comparação com o ocorrido antes da pandemia da Covid-19.
Na Alemanha e na Espanha, os visitantes venceram 30% mais com os portões fechados.
Áustria, Dinamarca, Grécia e Polônia também viram crescimento no número de vitórias dos visitantes e queda de vitórias dos mandantes.
Na Rússia, tanto mandantes quanto visitantes venceram menos, houve mais empates, mas a queda dos mandantes foi maior.
Na Bundesliga alemã, ainda com público nos estádios, os mandantes venceram 43,3% dos 224 jogos disputados, mas depois da parada, com portões fechados, venceram apenas 31,7% das 82 partidas realizadas, uma queda de 26,8%.
E não foram só os empates que aumentaram (5,9%).
Os visitantes venceram 34,8% dos jogos pré-parada, marca que subiu para 45,1% das partidas pós-parada.
O crescimento do número de vitórias dos visitantes após a parada foi de 29,6%.
Antes da parada, na Alemanha, em média os mandantes recebiam 1,78 cartão amarelo por partida, e os visitantes, 2,17 cartões.
Depois da parada, quem jogava em casa passou a receber 2,16 amarelos por partida, e os forasteiros, 1,99.
Os times alemães que jogavam fora de casa passaram a ser punidos com menos cartões amarelos do que quem jogava em seus domínios.
"Embora as amostras de jogos sejam de tamanhos diferentes antes e depois da parada, e a diferença das médias de faltas e cartões pareçam pequenos, testes estatísticos validaram como "significativos" os resultados encontrados. Sem a pressão das torcidas, é atenuado o efeito do Fator Casa, que é a tendência, estatisticamente comprovada, de os árbitros favorecerem, mesmo que de forma inconsciente, os times mandantes", disse o economista Bruno Imaizumi.
Na La Liga, da Espanha, essa tendência se repetiu: Antes da parada, os visitantes tinham vencido 24,4% dos jogos, mas com os portões fechados, essa marca subiu para 31,8%.
O número de vitórias dos visitantes com os estádios vazios aumentou 30,3% enquanto o número de vitórias dos mandantes caiu 14,4% (de 47,8% antes para 40,9%, depois).
Lá, também, os árbitros passaram a marcar mais faltas e a mostrar mais cartões para quem jogava em casa do que para os visitantes.
Por partida, a média de cartões amarelos era de 2,57 para mandantes e 2,77 para os visitantes, mas a tendência se inverteu, com os mandantes recebendo 2,48 amarelos, e os visitantes, 2,13 amarelos.
Na Inglaterra, os visitantes venceram mais, mas o que caiu foram os empates, já que os visitantes também venceram mais com os portões fechados para o público.
Já na Itália, a história foi diferente: empates e vitórias dos visitantes caíram, e os mandantes passaram a vencer mais, como mostram os dois gráficos abaixo.
Mais difíceis de serem localizados, foram reunidos scouts de faltas, cartões amarelos e vermelhos de 1.752 partidas dos campeonatos nacionais de Alemanha, Espanha, Inglaterra, Itália e Portugal, algumas das principais ligas europeias.
Os gráficos abaixo deixam evidente como aumentou o número de faltas marcadas contra os mandantes e o impacto a favor dos visitantes na distribuição de cartões amarelos e vermelhos nesses campeonatos.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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