sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Mudança no futebol argentino

Novo formato? 

AFA (Associação do Futebol Argentino) estuda ranking de classificação para Libertadores e Sul-Americana; entenda mudança.

Proposta beneficiaria Boca Juniors e River Plate, maiores campeões do futebol argentino e que tiveram dificuldades para garantir classificação em 2024.

O Campeonato Argentino pode passar por mais uma mudança de formato ao final da próxima temporada. 

A AFA estuda a criação de um ranking com pontuações desde o início da Liga Profissional (em 2021) que definirá os classificados para Taça Libertadores da América e Copa Sul-Americana a partir de 2025.

A mudança no formato ainda não é oficial. 

O Comitê Executivo da AFA informou na noite desta quinta-feira (26) que a proposta está sendo analisada. 

Para 2025, o Campeonato Argentino já será diferente: agora com 30 equipes, terá divisão de Apertura e Clausura, com campeões para dois turnos.

Caso a mudança seja aprovada na AFA, será estabelecido um ranking com a soma de resultados desde o início da Liga Profissional Argentina, ou seja, de 2021 até 2024. 

Ainda não foi divulgado como a pontuação seria feita (27).

Mesmo que não se saiba como cada time pontuaria, é fácil saber quem seria beneficiado com a decisão. 

O River Plate foi campeão duas vezes, em 2021 e 2023, enquanto o Boca Juniors faturou o campeonato em 2022. 

As equipes tiveram dificuldades de garantir a vaga na Taça Libertadores da América de 2025, e a mudança seria uma mão na roda para os rivais de Buenos Aires.

Também seria considerada a pontuação obtida nas competições internacionais. 

River Plate e Boca Juniors foram os argentinos com maior sucesso recente. 

Enquanto o River Plate foi semifinalista em 2024, o Boca Junior foi vice em 2023. 

Outros beneficiados seriam Vélez Sarsfield, que caiu na semifinal de 2022, e Racing, atual campeão da Copa Sul-Americana.

O sistema de ranking é comum para entidades como FIFA (Federação Internacional das Associações de Futebol), Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e UEFA (União das Associação Europeias de Futebol), que atuam em nível mundial e continental. 

É uma forma de definir cabeças de chave de competições, por exemplo. 

A AFA seria inovadora no que tange as federações nacionais.

Nenhum clube se posicionou oficialmente a favor ou contra a ideia, que ainda é estudada pela AFA. 

Essa é mais uma de várias questões que aquecem o futebol argentino, que vive um duelo entre a federação e o governo. 

Além disso, clubes como o Estudiantes passam a se posicionar contra a AFA em protestos.

Em novembro, logo após o fim da Copa do Brasil, o presidente do Estudiantes criticou a disparidade entre as cifras pagas pelos principais campeonatos de Brasil e Argentina. 

Juan Sebastián Verón é defensor da implementação das SADs (Sociedade Anônima do Desporto) no país e usou as redes sociais para comparar os valores de premiações argentinas com o prêmio de 18 milhões de dólares que o Flamengo recebeu.

Ainda em dezembro, o Vélez Sarsfield conquistou o título do Campeonato Argentino ao derrotar o Huracán por 2 a 0. 

A recompensa pelo feito foi um cheque de 500 mil dólares, cerca de R$ 3 milhões de reais na cotação atual. 

O valor está bem abaixo do prêmio de outras competições nacionais e, aliás, é menor do que a recompensa que o Santos recebeu por vencer ao Campeonato Brasileiro da Série B brasileira e 16 vezes inferior a do Campeonato Brasileiro.

O assunto "SAFs na Argentina", por exemplo, tem um peso importante nessa discussão. Isso porque, ao contrário do Brasil, esse modelo de clubes-empresas não pode existir no país. 

A lei não permite, mas um decreto do presidente Javier Milei ficou próximo de mudar a situação no país, o que gerou uma crise entre o governo e a AFA.

Já no Brasil as SAFs (Sociedade Anônima do Futebol) são liberadas e tem até incentivo. 

Recentemente, o Senado aprovou uma regulamentação que reduziu os impostos das empresas de 8,5% para 5%. 

Além disso, os cinco primeiros anos das Sociedades Anônimas de Futebol serão isentos de taxas.

Em dezembro de 2023, Milei publicou um decreto com uma série de mudanças para a economia argentina. 

No pacote, previa-se a mudança da Lei Geral de Sociedades, de 1984, para permitir que as associações esportivas se tornem Sociedades Anônimas caso 2 terços dos associados aprovem.

A AFA foi contra a medida de Milei, que respondeu. 

Em agosto, o presidente argentino decretou que “qualquer direito de uma organização desportiva não pode ser impedido, privado ou prejudicado em razão de sua forma jurídica, seja uma associação civil ou uma corporação, desde que seja reconhecido por lei”. 

A FIFA proíbe que qualquer governo intervenha no estatuto de uma federação, e a seleção pode ser punida.

Em outubro, Claudio Tapia foi reeleito para mais um mandato na federação, até 2029. 

A Inspeção-Geral da Justiça (IGJ) do país alegou que outros assuntos poderiam ser discutidos, como o balanço financeiro da AFA, mas que uma eventual eleição do presidente "não seria válida" e poderia até configurar crime.

A resposta de Javier Milei foi revogar um decreto que derrubou os benefícios fiscais que os clubes do país tiveram nos últimos anos.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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