segunda-feira, 29 de março de 2021

São Cristóvão e Névis com 100%

Com 100% nas Eliminatórias, técnico brasileiro tenta façanha no menor país das Américas.

O carioca Léo Neiva está à frente do futebol de São Cristóvão e Névis, que venceu seus dois jogos na competição da Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe).

Mesmo representando uma pequena ilha no meio do Atlântico, a seleção de São Cristóvão e Névis tem sonhos e pés fincados em terra firme. 

A meta é ficar entre as cinco melhores da fase de grupos das Eliminatórias da Concacaf para a Copa do Qatar. 

À frente do projeto está o carioca Léo Neiva, de 43 anos, que aterrissou no menor país americano em 31 de janeiro, onde o futebol ainda ruma à profissionalização plena. 

Nos dois primeiros jogos da competição, conseguiu a façanha de conquistar 100% dos pontos, assumindo a liderança do Grupo F.

"Minha expectativa de “bom” seria um empate e uma vitória. Mas seis pontos, cinco gols a favor, nenhum contra? Foi melhor que encomenda, e isso no campo do adversário", comemora Neiva, sobre as vitórias contra Porto Rico (1 a 0) e Bahamas (4 a 0).

Se a pandemia não alterar o cronograma, o próximo jogo será em 4 de junho, contra a Guiana, que também tem um carioca à frente do time: Márcio Máximo.

Mas o caminho para o Qatar é longo e, por ora, realidade distante. 

Névis (centésimo quadragésimo lugar no ranking da FIFA) precisa ficar em primeiro no Grupo F e vencer o duelo contra o ganhador de outra chave em ida e volta. 

Os três sobreviventes se juntam aos cinco melhores times da Concacaf na terceira fase. 

Depois de enfrentar todos, em casa e fora, os três primeiros vão para a Copa. 

O quarto, para a repescagem.

"Sendo realista, é quase impossível uma classificação para a Copa. Minha grande meta aqui é classificar entre os cinco (no grupo)".

Neiva é um andarilho do futebol. 

Em 14 anos, já trabalhou na África do Sul, Myanmar, Tanzânia, Jamaica e Tailândia. 

No Brasil, passou pelo Atlético de Itapemirim e pela base do Bonsucesso.

Em Névis, ele montou um elenco com 23 jogadores, parte deles descendentes de são-cristovenses recrutados por scouts. 

O destaque é Romaine Sawyers, do West Bromwich, que não estreou por suspeita de Covid-19.

A título de comparação, o bairro de São Cristóvão, no Rio, com população de 26.510 moradores, seria capaz de povoar praticamente a metade do arquipélago de mesmo nome, que tem 53 mil habitantes. 

A ilha vem administrando com sucesso a pandemia e teve apenas 44 casos e nenhum óbito.

"Os (jogadores) locais são semiprofissionais, trabalham de dia e, depois, vão para o treino", conta Neiva, feliz em conseguir, mesmo com as dificuldades, montar um time com atletas disponíveis do país. 

"No jogo contra Porto Rico, foi a primeira vez em cinco anos que a seleção jogou com mais locais do que estrangeiros: seis a cinco. E fomos bem".

Reportagem: Oglobo.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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