quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Mano Menezes no Timão

Contrato longo de Mano Menezes acirra tensão política no Corinthians. 

Entenda.

Técnico chega a dois meses de uma eleição presidencial, mas com vínculo até o final de 2025.

Veja como candidatos à presidência encaram a contratação.

Mano Menezes volta ao Corinthians com contrato até dezembro de 2025, no meio de uma disputa política e a dois meses de uma eleição presidencial. 

O técnico agora está vinculado a dois terços do mandato do próximo presidente do clube, e nem todos estão contentes com as condições da contratação.

O técnico chega com o aval do ex-presidente Andrés Sanchez e de André Negão, candidato do grupo da situação na eleição deste ano. 

Mano já era o favorito para assumir o Corinthians em 2024, se esta chapa vencesse. 

A votação está marcada para 25 de novembro.

Em nota oficial, André Negão defende que a escolha de um treinador não pode ter "oportunismo eleitoral" e que não teria sentido manter Vanderlei Luxemburgo, "que claramente não conseguiu dar padrão à equipe".

"O presidente do clube ainda é o Duílio Monteiro Alves e ele tem não só o direito, mas a obrigação de contratar um treinador de primeira linha. Mano Menezes tem história no Parque São Jorge e no futebol brasileiro, tem que ser respeitado", afirma André Negão no comunicado.

Por outro lado, a oposição critica o modelo de contratação de Mano. 

O candidato Augusto Melo, que foi o segundo na eleição vencida por Duilio Monteiro Alves em 2020, considera o contrato longo como um desrespeito ao Corinthians.

"Mano não era a minha prioridade. Eu queria um técnico para um projeto de três anos. Se vencermos, vamos avaliar o trabalho dele ao final deste ano, as condições, se tem multa de rescisão ou não, para tomar a decisão de mantê-lo ou não a partir do ano que vem", disse Augusto Melo ao Globo Esporte.

Em nota oficial, a oposição tratou o contrato longo como "falta de bom senso" e argumentou que a escolha do técnico para 2024 em diante deveria ser do próximo presidente.

O presidente Duilio Monteiro Alves se mostrava reticente em fazer contratos mais longos do que seu mandato, o que explica o alto número de jogadores com vínculo terminando em dezembro, são dez, incluindo titulares como Gil, Maycon e Renato Augusto. 

Com Mano Menezes foi diferente.

Procurado pelo Globo Esporte, o Corinthians explica que Duilio é o atual presidente e o responsável por tomar as decisões até o final deste ano.

"Independentemente do período eleitoral, a vida do clube segue normalmente até lá. Por isso a decisão foi tomada apenas e somente pelo atual presidente, que entende ser a melhor decisão para o clube nesse momento", diz o posicionamento.

Mano Menezes conhece bem a política do clube: Para o treinador, não é novidade ficar no meio do fogo cruzado da política alvinegra. 

Em 2014, ele deixou o clube justamente pela troca de diretoria: foi contratado no último ano do então presidente Mário Gobbi, mas ao final da temporada o sucessor, Roberto de Andrade, preferia Tite no cargo e fez a troca.

"Eu sou razoavelmente inteligente para saber quando me querem e quando não me querem", disse Mano Menezes na última entrevista que deu no Corinthians, em dezembro de 2014.

Nota oficial de Augusto Melo: A Frente Ampla de Oposição, liderada pelo candidato à presidência do Corinthians, Augusto Melo, lamenta mais uma vez a forma como a diretoria do clube conduziu, nos últimos dias, a troca do comando técnico do time masculino de futebol.

A menos de dois meses das eleições, qualquer um com mínimo de bom senso entende que a contratação de um treinador, peça fundamental na montagem do planejamento para a próxima temporada, deveria ser delegada ao próximo presidente. 

Ou, no mínimo, mostrar grandeza para deixar política e vaidade de lado e reunir os candidatos para definir nome de consenso.

Porém, como grandeza, planejamento, competência e bom senso definitivamente são termos que não definem o grupo comandado por Andrés Sanchez e que há 16 anos trata o Corinthians como propriedade pessoal, somos obrigados a conviver com mais uma aberração administrativa dessa gente. 

O resultado, todos já sabem, é desastroso e deixa explícita a incompetência dos atuais dirigentes. 

O Corinthians chega a seu quinto técnico no Campeonato Brasileiro.

Augusto Melo já deixou claro em entrevistas que, embora tenha grande respeito pelo profissional, Mano Menezes não seria sua prioridade para técnico do Corinthians. 

Ou seja, tanto a diretoria quanto o novo técnico sabiam disso quando aceitaram fazer negócio. 

“Nosso posicionamento já foi dado. Vamos torcer para que os resultados apareçam em campo. Uma vez vencidas as eleições, vamos agir com todo o respeito ao profissional e analisar o trabalho realizado nesse curto tempo”, afirmou. 

“A responsabilidade por qualquer consequência desse processo é exclusiva daqueles que fizeram parte dele.”

Nota oficial de André Negão:

É preciso deixar os arroubos, os chiliques e o oportunismo eleitoral de lado quando se trata de Corinthians. Corinthians é coisa séria. 

O que meu adversário queria? 

A continuidade de um treinador que não tinha mais a confiança do grupo e que claramente não conseguiu dar padrão à equipe? 

O presidente do clube ainda é o Duílio Monteiro Alves e ele tem não só o direito, mas a obrigação de contratar um treinador de primeira linha. 

Mano Menezes tem história no Parque São Jorge e no futebol brasileiro, tem que ser respeitado. 

O Corinthians não pode ter um aventureiro na cadeira de presidente. 

É preciso ter preparo e serenidade. 

O que ele vai falar sobre o Mano se formos campeões sul-americanos? 

Vai dizer que invadiram de novo suas redes sociais e que não foi ele, como inventou no caso do Fábio Santos contra o Fortaleza? 

Como todos os corinthianos que não torcem contra apenas pela sede de poder, desejo ao Mano sucesso e títulos com a camisa alvinegra nesta sua terceira passagem pelo clube.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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