segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Queda de R$ 100 milhões

Em longa reunião, Vasco trabalha cenário de Série B e perda de até R$ 100 milhões em receitas.

Diretoria prevê déficit de pelo menos R$ 80 milhões com rebaixamento. 

Salgado só falará oficialmente em coletiva sexta-feira (26), mas vice de marketing se pronuncia: "Não falharemos dessa vez".

Em longa reunião realizada em São Januário entre 15 horas e 19 horas desta segunda-feira (22), Jorge Salgado, todos os vice-presidentes do clube, o CEO Luiz Mello e o executivo de futebol Alexandre Pássaro sentaram-se para planejar o cenário da Segunda Divisão, já que o Vasco está virtualmente rebaixado no Campeonato Brasileiro.

Quando elaborou o Plano de 100 dias e posteriormente o Plano de 15 dias para tentar salvar o clube da degola, a diretoria sempre trabalhou com a permanência na elite do futebol brasileiro. 

Os resultados não vieram, e o iminente rebaixamento teve efeito de "meteoro", termo utilizado durante o encontro desta segunda-feira, no Vasco.

Com o "impacto meteórico", não restou outra alternativa à direção. 

A pauta principal da reunião foram sim os impactos da Série B. 

O mais significativo deles é a estimativa de uma perda que varia de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões em receitas.

A questão financeira norteou a conversa, tanto que Adriano Mendes, VP de Finanças e Estratégia, e sua equipe apresentaram diversos cenários. 

Entre eles estão corte de pessoal e de despesas, mas fundamentalmente uma reforma estrutural.

Salgado e seus vices saíram da reunião com a impressão de que, embora tenham de administrar uma "tragédia" representada pelo rebaixamento, a crise vai obrigar a remodelagem de todo o funcionamento do clube com uma extensa reforma estrutural.

A diretoria prioriza dentro dessa transformação proposta mudanças no estatuto, melhoria no relacionamento com o sócio e se tornar um clube sustentável. 

O grupo entende que tal atitude não foi tomada especialmente nos três últimos anos e, por isso, o Vasco está à beira do quarto rebaixamento.

Vice Presidente de marketing, Vitor Roma, que esteve na reunião, manifestou-se via Twitter. 

Não fez alusão direta somente à gestão de Alexandre Campello, mas também às de Roberto Dinamite e Eurico Miranda, que participaram dos outros três rebaixamentos.

"Como vascaíno, nesse momento a dor é profunda. Todo o sentimento de indignação e tristeza da torcida é absolutamente legítimo. A torcida é a razão de ser do Vasco e todo sentimento que vem dela é sagrado. Vamos trabalhar e muito pra promover as mudanças necessárias para que o Vasco retome o seu lugar de protagonista".

"O clube teve três chances para se reconstruir e falhou em todas. Não falharemos nessa. Tentamos dar condições para que este grupo saísse dessa: duas folhas em 20 dias, Benítez por empréstimo, treinador e diretor de futebol; nos esforçamos para dar a estrutura que precisavam (Atibaia, concentração integral, bichos, voo fretado, etc). A equipe não conseguiu reagir. É hora de falar pouco e entregar muito. E mesmo assim será menos do que a torcida do Vasco merece depois de tantos anos sofrendo. A mudança definitiva começa agora", afirmou Roma.

O presidente Jorge Salgado só falará oficialmente na próxima sexta-feira (26), quando concederá entrevista coletiva já com o cenário da próxima temporada desenhado. 

Ele provavelmente dividirá a mesa com Carlos Roberto Osório e Roberto Duque Estrada, primeiro e segundo vices-presidentes respectivamente.

Essas palavras de Roma reforçam o sentimento da nova diretoria do Vasco. Para eles, a conta que o clube está pagando não é dessa gestão. 

No entendimento de Salgado e seus pares, o problema advém da tumultuada eleição de 2018, na Lagoa, quando Campello foi eleito após ruptura com Julio Brant.

Luxa e elenco de 2021 ainda indefinidos: Embora Alexandre Pássaro, homem forte do futebol, tenha participado da reunião para traçar metas com vistas à Série B, pessoas que estiveram no encontro garantem que o futuro de Vanderlei Luxemburgo ainda não foi definido. 

Cortes de atletas ou contratações para o plantel que disputará a próxima temporada também não foram definidos.

Salários sem previsão: Outra preocupação que Jorge Salgado sempre reforça em entrevistas é a necessidade de manter os salários em dia. 

Atualmente o débito do clube com atletas e funcionários é de três meses: dezembro, janeiro e o décimo terceiro. 

A última folha, aliás, venceu nesta segunda-feira (22) em acordo formal feito entre diretorias anteriores e o grupo de colaboradores.

A possibilidade de diminuir essa dívida foi aventada durante a reunião, o departamento financeiro tratou do tema, mas todos saíram com a impressão de que não haverá pagamentos até sexta-feira.

Esperança viva de impugnar Vasco-RJ 0 X 2 Internacional-RS: O departamento jurídico também teve papel importante na reunião desta segunda-feira (22). 

Fizeram uma longa apresentação de como pretendem impugnar a derrota por 2 a 0 para o Internacional, sofrida no último dia 14 de fevereiro de 2021. 

Na ocasião, Rodrigo Dourado marcou gol em posição duvidosa, e não houve checagem pelo VAR.

O Vasco ainda não recebeu o material da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) com os áudios e vídeos do VAR daquela partida. 

Vale lembrar que no último sábado (20) o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) intimou a entidade que controla o futebol brasileiro a encaminhá-lo ao clube.

A direção entende que, dependendo do que receberá e consequentemente utilizará como prova, é possível, sim, anular o jogo entre Vasco e Internacional.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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