Botafogo decide demitir Bruno Lage em meio a sequência ruim e queixas de jogadores.
Oficialização será feita na reapresentação do elenco na manhã desta quarta-feira (4).
Na queda de braço entre elenco e treinador, prevaleceu a força do grupo de jogadores do Botafogo.
A diretoria até tentou blindar Bruno Lage e manter o trabalho.
Mesmo com a forte cobrança após o comandante barrar Tiquinho Soares, principal referência do time e craque do Brasileirão, a cúpula de futebol do clube iria manter o técnico no cargo.
No entanto, a entrada dos líderes do elenco na jogada foi fundamental e Lage não resistiu.
Assim, o português não é mais o treinador do Botafogo.
Embora a decisão já tenha sido tomada pela diretoria do clube, a oficialização será feita na reapresentação do elenco na manhã desta quarta-feira (4).
No Centro de Treinamento Lonier, Bruno Lage e sua comissão serão notificados da decisão final de John Textor.
Pressão do elenco é fundamental para decisão: A decisão da demissão do treinador se justifica em diversos fatores.
Entre eles, o principal são as queixas feitas pelos jogadores durante a tarde desta terça-feira (3).
Líderes do elenco se reuniram com John Textor e externaram ao dono da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Botafogo a insatisfação com métodos e escolhas recentes do treinador.
O estopim para o grupo foi a opção de Bruno Lage em barrar Tiquinho Soares do time titular depois de comandar treinamentos ao longo de toda a semana com o camisa 9 entre os titulares.
Além disso, pesou também a sequência ruim que o alvinegro enfrenta na temporada.
São cinco jogos sem vencer, com quatro derrotas e um empate em casa contra o Goiás no período.
Ao todo, Lage esteve no comando do Botafogo por 15 jogos, com quatro vitórias, sete empates e quatro derrotas.
Aproveitamento de 42,2%.
Diretoria tentou blindar: A decisão de Bruno Lage de barrar Tiquinho não foi impopular só entre os torcedores.
Diversos membros da alta cúpula da SAF do clube, entre eles o americano John Textor, ficaram bem irritados com a escolha do técnico português em deixar no banco de reservas a principal referência da equipe e o craque do Campeonato Brasileiro até o momento.
Por isso, várias reuniões aconteceram entre o fim da noite de segunda-feira (2) e a tarde desta terça-feira (3).
Nelas, Lage foi questionado com severidade por ter sacado a principal referência do time.
Por outro lado, a diretoria manifestou, naquele momento, o respaldo ao treinador.
Consequentemente, reforçou sua posição de não tomar decisões “de cabeça quente” ou baseadas em um acontecimento isolado.
A situação foi comparada com a experimentada pelo alvinegro em algumas ocasiões pelo ex-técnico Luís Castro, que sofreu pressão externa e até interna no Botafogo.
Na ocasião, o clube optou por avaliar o trabalho do treinador num contexto geral e o bancou.
Posteriormente, com a ascensão do time à liderança do Campeonato Brasileiro, a decisão se mostrou acertada.
No caso de Lage, havia o entendimento da cúpula da SAF de que não se pode dar um veredito por conta de uma falha pontual.
“Todo mundo tem o direito de errar”, disse ao GLOBO uma fonte, ao reforçar que o português foi contratado justamente para tomar decisões e que é preciso apoiá-lo.
Apesar do respaldo dado pelos diretores até aqui, o comandante também foi constantemente questionado internamente por suas decisões.
Esse é um processo rotineiro e que conta até com a participação de Textor.
O treinador, por sua vez, explica suas escolhas com argumentos baseados no que observa nos treinos.
Havia uma preocupação em dar liberdade ao comandante, assim como ocorreu com Castro e o então interino Cláudio Caçapa, mas também a leitura de que algumas discordâncias devem ser expostas, como no caso de Tiquinho no empate em 1 a 1 com o Goiás.
A decisão final da escalação, porém, é sempre do treinador.
Ainda assim, pesou mais a insatisfação dos jogadores do elenco alvinegro.
Tiquinho 110%: Pivô da crise com Lage, Tiquinho ainda não apresentou, após retornar de lesão, o futebol vistoso que fez dele o principal jogador do primeiro turno do Campeonato Brasileiro.
A diretoria reconhece esse cenário, mas entende que, ainda assim, o camisa 9 é imprescindível para o time.
Ao longo dos treinos da última semana, em nenhum momento Lage deu a entender que Tiquinho estava mal física ou tecnicamente.
Muito menos que perderia a vaga no time titular.
Ao fim da partida, quando já havia marcado o gol de empate do Botafogo, Tiquinho garantiu que estava bem, o que foi corroborado por atletas nos corredores do Nilton Santos e por fontes do clube e próximas ao jogador.
Em entrevista, o centroavante foi protocolar ao dizer que estava ali para “ajudar os companheiros”.
Tendo o Red Bull Bragantino como perseguidor mais próximo, o Botafogo volta a campo neste domingo, em clássico com o Fluminense.
Depois, viaja para Belo Horizonte, onde enfrenta o América-MG.
Apenas no dia 21 de novembro, retorna ao Nilton Santos para receber o Athletico-PR.
Reportagem: Oglobo.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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