Técnicos argentinos dominam cenário sul-americano e estão à frente de 70% das seleções.
Sete dos 10 países do continente que disputarão vaga na Mundial de 2026 são comandados por treinadores do país vizinho.
No mês de maio, a federação uruguaia anunciou Marcelo Bielsa como novo treinador da seleção.
Bielsa chegou com contrato até o final das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 e terá renovação automática em caso de classificação.
Com isso, das dez seleções que estarão na disputa para o Mundial, sete serão comandadas por argentinos.
Além de Bielsa no Uruguai, Lionel Scaloni (Argentina), Guillermo Barros Schelotto (Paraguai), Fernando Batista (Venezuela), Eduardo Berizzo (Chile), Gustavo Costas (Bolívia) e Néstor Lorenzo (Colômbia) também buscam vaga na Copa do Mundo com sede no Canadá, Estados Unidos e México.
Mas o que explica o aumento em relação aos últimos anos?
O jornalista Marcelo Raed condiciona ao histórico do curso de formação de treinadores argentinos, exigido há mais de 20 anos para profissionais da área.
"Há alguns fatores que colocam hoje técnicos argentinos à frente dos brasileiros no cenário internacional, e acredito que isso seja resultado do tempo de estudo e qualificação. O curso de formação para técnicos na Argentina é exigido desde a década de 90, enquanto no Brasil o primeiro passo para o processo acadêmico do técnico começou em 2009", afirma o comentarista.
Raed, inclusive, realizou o curso de licença B (treinador) na Associação de Treinadores do Futebol Argentino (ATFA).
Ele questiona os pré-requisitos de acesso aos cursos da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
"No meu caso, a escolha da formação pela Argentina se deu pois era a única forma possível de tentar a qualificação, já que o curso da CBF não é para todos. Para fazer a formação por aqui é necessário comprovar sete anos de experiência como atleta de futebol; ou cinco anos como treinador de clube; ou ter formação superior em Educação Física. Eu, jornalista formado, com pós-graduação e há mais de dez anos trabalhando diretamente com jogos de futebol pelo Sportv, não estava habilitado para tentar uma vaga pela CBF. E esse, pra mim, é o principal ponto de questionamento: como podemos mudar a mentalidade do jogo praticado no país se apenas uma minúscula parcela da população pode fazer o curso?", completou.
"Se quisermos mesmo uma outra visão sobre o nosso jogo, é necessário furar a bolha: não dá para repetir padrões. É necessário, sim, muito estudo, qualificação e, principalmente, mudança de mentalidade e comportamento, dentro e fora do campo. Senão, seremos meros copiadores de modelo de jogo."
Os sete argentinos
Marcelo Bielsa (Uruguai)
Após mais de três anos à frente do Leeds United, o experiente treinador de 67 anos é o novo técnico da “Celeste”.
Bielsa, voltou a comandar uma seleção após 12 anos, seu último trabalho foi à frente da seleção chilena entre 2007 e 2011.
Além do Chile, “El Loco”, como é conhecido, teve uma marcante passagem à frente da seleção Olímpica da Argentina em 2004, onde conquistou o tão sonhado ouro e comandou nomes como Javier Mascherano, Carlos Tévez e Andrés D’alessandro.
Lionel Scaloni (Argentina): Nascido na pequena cidade de Pujato e atual campeão Mundial, o jovem treinador de 44 anos, é hoje um dos principais técnicos do mundo, porém Scaloni teve início difícil na seleção.
O treinador assumiu o comando da “Albiceleste” após a Copa do Mundo de 2018, quando era auxiliar técnico de Jorge Sampaoli.
Foi conquistando o seu espaço e mesmo convivendo diariamente com as críticas da imprensa argentina, venceu a Copa América e logo depois o Mundial do Catar.
Guillermo Barros Schelotto (Paraguai): Já conhecido no cenário sul-americano, Schelotto nasceu em La Plata, na grandes Buenos Aires e é técnico da seleção paraguaia desde 2021.
Teve o seu melhor trabalho no Boca Juniors, entre os anos de 2016 e 2018, quando se sagrou bicampeão argentino e levou os “Xeneizes” até a final da Taça Libertadores da América de 2018, perdendo para o arquirrival, River Plate, em partida disputada no Santiago Bernabéu.
Fernando Batista (Venezuela): Auxiliar da seleção venezuelana desde 2021, Fernando já treinou as seleções de base da Armênia e também as seleções sub-20 e sub-23 da Argentina.
Agora, após a demissão de Jose Pekerman, o treinador de 52 anos assume a seleção venezuelana e terá a difícil missão de se classificar para a Copa do Mundo de 2026.
Eduardo Berizzo (Chile): Nascido em Cruz Alta, município da província de Cordoba, Berizzo é ex-zagueiro e um dos maiores ídolos da história do Newell’s Old Boys.
Começou sua carreira como técnico em 2011, quando assumiu o tradicional Estudiantes De La Plata. Passou também pelo O’Higgins (Chile), Celta de Vigo, Sevilla, Athletic Bilbao e seleção paraguaia, substituindo Juan Carlos Osorio.
Berizzo terá como seu grande desafio, comandar a renovação de elenco da vitoriosa seleção chilena, que teve nomes como Alexis Sanchez, Arturo Vidal e Claudio Bravo, pensando a longo prazo e potencializando jovens talentos.
Gustavo Costas (Bolívia): Natural de Buenos Aires e treinador desde 1999, Gustavo Costas já treinou 11 equipes na América Latina e usará seu conhecimento em futebol sul-americano como principal fator, junto da altitude de La Paz, para buscar a classificação da seleção boliviana para a Copa do Mundo.
Néstor Lorenzo (Colômbia): Assim como Fernando Batista, comandante da seleção colombiana, Néstor também foi auxiliar de Jose Pekerman e agora enfrenta o seu maior desafio como treinador, comandar a tradicional seleção colombiana e conseguir a classificação para a Copa do Mundo de 2026, após o vexame de não se classificar para o Mundial do Catar.
Como jogador, Néstor passou por Boca Juniors, San Lorenzo e Argentino Juniors, além de ter defendido a seleção nacional nas olimpíadas de 1988 e na Copa do Mundo de 1990.
As eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 começam em setembro.
A primeira convocação de Fernando Diniz como técnico do Brasil foi feita no último dia 18 de agosto.
Já a estreia da seleção brasileira será no dia 8 de setembro, diante da Bolívia, no estádio no Mangueirão, em Belém-PA.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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