quarta-feira, 22 de março de 2023

Manipulação de resultados

Brasil é o país com mais jogos suspeitos de manipulação no mundo em 2022.

Empresa especializada em integridade competitiva e monitoramento de apostas identificou mais de 150 partidas duvidosas no Brasil no ano passado. 

2022 teve recorde global.

O Brasil ocupa, com larga diferença, o primeiro lugar no mundo entre os países com mais jogos suspeitos de manipulação de resultados em 2022. 

É o que aponta relatório anual de integridade da Sportradar, empresa líder global em tecnologia esportiva, além de parceira da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), da UEFA (União das Associações Europeias de Futebol) e da FIFA (Federação Internacional de Futebol).

Com exclusividade, o Globo Esporte obteve acesso às principais informações do relatório sobre corrupção de apostas e manipulação de resultados da unidade de serviços de integridade da Sportradar.

Além da liderança do Brasil no ranking de países com mais jogos suspeitos, não só de futebol, 2022 estabeleceu novo recorde de partidas duvidosas: 1.212. 

Aumento de 34% em relação a 2021.

Jogo suspeito é todo aquele que exibe evidências “esmagadoras” de viciação de resultados ou com indícios críveis de manipulação. 

A Sportradar afirma ter “limite alto” para essa classificação.

Apesar desse crescimento, 99,5% dos eventos esportivos estão "livres de viciação de resultados", de acordo com a empresa. 

Nenhum esporte teve taxa superior a 1% de ocorrências questionáveis.

As partidas controversas foram identificadas em 12 esportes e em 92 países, de todos os continentes. 

A Sportradar monitora atualmente 850 mil jogos de 70 esportes no mundo.

Brasil no topo do ranking global

O Brasil foi o país que mais teve jogos suspeitos identificados no ano passado, com 152 episódios, sendo 139 no futebol (como revelado pelo "O Globo" em fevereiro). 

Os 152 representam 12% do total global. 

A Rússia vem em segundo lugar, com 92.

Procurada pelo Globo Esporte, a CBF informou em nota que "trabalha permanentemente no combate à manipulação de resultados e é vítima desses criminosos" (confira a nota na íntegra ao final da reportagem).

Quase metade (47%) de todas as partidas com possibilidade de terem tido o resultado manipulado se deu em 10 países. 

O futebol respondeu por 71,5% dos casos nesses países.

Veja o ranking:

Brasil - 152

Rússia - 92

República Tcheca - 56

Cazaquistão - 43

China - 41

Grécia - 40

Argentina - 39

Filipinas - 37

Polônia - 36

Tailândia - 35

Futebol: esporte com mais casos

E o futebol foi em 2022, de novo, o esporte com o maior número de jogos suspeitos no mundo: 775, ou 63,9% do total.

Esses jogos acontecem principalmente em competições inferiores. 

No ano passado, 52% desses episódios no futebol ocorreram na terceira divisão nacional de cada país ou abaixo, como ligas regionais.

A cada 171 jogos de futebol monitorados, um foi considerado suspeito em 2022.

A média de partidas duvidosas em todos os esportes subiu. 

No ano passado era de uma a cada 475, contra uma a cada 545 em 2021.

O basquete, por exemplo, teve crescimento de aproximadamente 250% dos casos. 

No Brasil, a Liga Nacional de Basquete se associou a uma entidade criada para combater a manipulação de resultados no esporte brasileiro.

O continente com o maior número no total é a Europa (630). 

Na sequência vêm Ásia (240) e América do Sul (225). 

A África registrou o maior aumento percentual, com 82%.

Do total de 1.212 jogos suspeitos no mundo todo no ano passado, em todos os esportes, 98% foram em competições masculinas.

Entidades esportivas e legisladores consideram manipulação de resultado como um “arranjo intencional, ato ou omissão que visa uma alteração indevida do resultado, ou do curso de uma competição esportiva, para eliminar a totalidade ou parte da imprevisibilidade da referida competição”, visando alguma vantagem indevida para si ou outra pessoa.

Foram aplicadas 169 sanções esportivas ou criminais em 2022 a suspeitos de trapaça ou desrespeito às leis, em 21 países diferentes, a partir dos serviços da Sportradar. 

Em 2021 foram 72 sanções.

"Nossa tecnologia nos permite monitorar mais jogos em um nível mais profundo, fornecendo informações mais detalhadas e precisas para ajudar nossos parceiros, clientes e a indústria esportiva em geral nos esforços para proteger os eventos esportivos da corrupção. Esperamos apoiar ainda mais federações esportivas e autoridades legais em 2023", afirmou Andreas Krannich, Diretor Global da Sportradar Integrity Services.

A nota da CBF:

Uma dessas ações é um projeto que está sendo desenvolvido junto com a FIFA e envolve autoridades da Interpol e do FBI (Federal Bureau of Investigation ou Departamento Federal de Investigação). 

Os detalhes do programa deverão ser divulgados em breve.

Vale destacar que o Brasil tem dimensões continentais e é um dos países que mais realiza partidas de futebol no mundo, cerca de 5 mil jogos oficiais anualmente.

A CBF mantém um contrato permanente de monitoramento com a Sportradar e informa que a empresa não identificou nenhum caso na Série A do Campeonato Brasileiro e 3 suspeitas na Série B no ano passado.

Logo após tomar conhecimento das suspeitas, a entidade enviou os casos prontamente para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, para a Diretoria de Governança e Conformidade da entidade e para a Comissão de Ética do Futebol, responsáveis pelas punições na esfera esportiva.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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