sexta-feira, 13 de maio de 2022

Finanças dos clubes

Levantamento financeiro de clubes mostra queda de 7% nas dívidas e aumento de 37% nas receitas.

Flamengo, Palmeiras, Corinthians, Grêmio e Atlético-MG, juntos, têm 48% do faturamento total dos 27 clubes do estudo realizado pela EY.

A receita total dos 27 principais clubes do Brasil aumentou 37%, atingindo R$ 7.5 bilhões, e o endividamento líquido caiu 7% de 2020 para 2021, somando R$ 10.5 bilhões. 

Sem contar transferências de atletas, o aumento de receita é ainda maior: 64%, um total de R$ 5.6 bilhões. 

Esse é o retrato financeiro dos clubes brasileiros feito pela EY em um ano que ainda traz nos demonstrativos de finanças os impactos da pandemia de Covid-19.

Fazem parte do levantamento as 20 equipes da Série A do Campeonato Brasileiro, além de Bahia, Cruzeiro, Grêmio, Ponte Preta, Sport e Vasco, da Série B, e o Vitória, que foi rebaixado e este ano disputa a C.

A empresa explica no relatório: "As receitas totais dos clubes brasileiros evoluíram 153% entre 2012 e 2021. 

Em relação a 2020, houve aumento de 37%. 

Já as receitas sem transferências de jogadores, tiveram uma evolução de 120% nos últimos 10 anos e aumento de 64% entre 2020 e 2021. 

Descontada a inflação do período o crescimento da receita total foi de 89% e da receita sem transferência de jogadores 56%".

As cinco maiores receitas totais em 2021 foram de Flamengo, Palmeiras, Corinthians, Grêmio e Atlético-MG. 

Esses cinco clubes, juntos, somam 48% do total da receita dos 27 clubes que fazem parte do estudo.

Dos R$ 7.5 bilhões arrecadados por esses 27 clubes em 2021, quase a metade se refere a direitos de transmissão e premiações: R$ 3.6 bilhões. 

As transferências de jogadores renderam um total de R$ 1.4 bilhão, com 11% de queda em relação a 2020.

O "matchday", ou a receita do dia de jogo que inclui ingresso, operação de estádio, e foi possivelmente o item mais afetado nos balanços financeiros com a pandemia, cresceu 13% em 2021 em relação ao ano anterior, um total de R$ 612 milhões. 

As receitas comerciais fecharam em R$ 1 bilhão.

Outro número que apresentou queda foi o endividamento líquido dos clubes, que fechou em R$ 10.5 bilhões, 7% a menos do que em 2020. 

Mas o endividamento tributário cresceu 3%, atingindo R$ 3.6 bilhões. 

O total de empréstimos também subiu: os 27 clubes somam R$ 2.3 bilhões em dívidas dessa natureza, número 4% maior do que em 2020.

Impacto da pandemia: O relatório ressalta o fato de que parte das receitas de direitos de transmissão e premiações de 2020 acabaram contabilizadas nos balanços de 2021, o que afetou diretamente as demonstrações financeiras dos participantes da Série A (até o 16º colocado) e semifinalistas da Copa do Brasil. 

Em relação a 2020, as receitas com direitos de transmissão e premiações aumentaram 101%. 

A retomada do público no segundo semestre do ano passado permitiu crescimento em receitas comerciais de 50% e de "matchday" de 13%.

Receitas: No ranking por arrecadação total, o Flamengo ficou no topo com R$ 1.08 bilhão, com R$ 105 milhões à frente do Palmeiras. 

O Grêmio aumentou em R$66 milhões suas receitas e ultrapassou Corinthians. 

O Vasco teve desempenho melhor no total de receitas do que alguns clubes da Série A, casos de Fortaleza, Ceará, Atlético-GO, América-MG, Sport, Cuiabá e Juventude. 

Na Série A, a diferença entre quem mais arrecadou, o Flamengo, e quem teve a menor receita, o Juventude, foi de aproximadamente 16 vezes segundo a EY.

Sem levar em conta a arrecadação com transferências de jogadores, o jogo muda de figura. 

O Palmeiras toma a dianteira do ranking com receita total de R$ 838 milhões em 2021, mais que o dobro do apresentado na temporada anterior. 

O montante é cerca de R$ 428 milhões maior do que o de 2020 e R$ 35 milhões superior ao resultado do Flamengo.

Comparando com as demais grandes equipes paulistas, o Corinthians teve receita total sem considerar transferências de R$ 474 milhões, São Paulo de R$ 355 milhões, e Santos de R$ 300 milhões. 

No Nordeste, Bahia e Fortaleza se destacaram com bons resultados e crescimento das receitas nessa categoria.

Com as transferências na equação, o Flamengo liderou a lista pelo terceiro ano consecutivo. 

O Corinthians teve uma queda relevante de R$ 161 milhões em relação a 2020, sendo ultrapassado na lista por clubes como Ceará e Bahia. 

Flamengo, Grêmio, Palmeiras, São Paulo, Fluminense e Santos arrecadaram valores acima dos R$ 100 milhões de receitas com transferências de atletas.

Direitos de transmissão e premiações: O Palmeiras se manteve no topo das receitas com direitos de transmissão e premiações, como já havia acontecido em 2020. 

Segundo a EY, metade de todo o dinheiro arrecadado com direitos de transmissão em premiações está concentrado com cinco clubes: Atlético-MG, Corinthians, Flamengo, Palmeiras e São Paulo.

Receita comercial: Nesta categoria, o Palmeiras perdeu o posto que dominou por dois anos. 

O Flamengo praticamente dobrou suas receitas comerciais e fechou 2021 com R$ 3 milhões a mais do que o rival de São Paulo. 

O Cruzeiro, mesmo na Série B, se manteve à frente nesta categoria de clubes da divisão principal, como Athletico-PR e Fluminense.

O relatório mostra que 61% das receitas comerciais no período entre 2017 e 2021 ficaram nas mãos de cinco clubes: Palmeiras, Flamengo, Corinthians, Grêmio e São Paulo. 

O Palmeiras apresentou o maior valor acumulado R$ 691 milhões, aproximadamente R$ 66 milhões acima do Flamengo, segundo colocado na lista. 

O Corinthians também se destaca com um aumento de R$ 83 milhões em receitas comerciais nestes cinco anos.

Receitas de dia de jogo ("matchday"): A EY trouxe um levantamento recortando o período entre 2017 e 2021, os últimos cinco balanços anuais, para analisar as receitas de dia de jogo ("matchday"). 

Flamengo, Palmeiras, Internacional, Grêmio e Corinthians representaram 57% do valor total desta categoria.

O Flamengo, primeiro na lista, arrecadou R$ 105 milhões a mais do que o Palmeiras, com um total de R$ 536 milhões. 

A receita do clube da Gávea no período nesta categoria é superior às de Botafogo, Fluminense e Vasco somadas.

Endividamento líquido: De acordo com a EY, o endividamento líquido desses 27 clubes apresentou queda em 2015, mas daí até 2020 houve um crescimento de 66%. 

E, em 2021, nova queda nessa categoria: 7% a menos do que em 2020. 

Alguns clubes tiveram aumento considerável no endividamento, apesar da queda geral. 

Na contramão, o Cruzeiro teve R$ 57 milhões de crescimento neste item, enquanto o Atlético-MG viu sua dívida engordar R$ 75 milhões. 

Ambos fecharam 2021 com endividamento líquido superior a R$ 1 bilhão.

Mas outros apresentaram redução do valor de endividamento, como Palmeiras, Santos e Flamengo. 

O clube carioca reduziu em R$ 354 milhões sua dívida de 2020 para 2021, cerca de de 48%. 

Entre os times do Nordeste, a maior dívida é do Sport de Recife: R$ 231 milhões.

Endividamento tributário: O endividamento tributário acompanhou a curva geral do endividamento líquido dos clubes, com queda em 2015 por conta do Profut (programa de refinanciamento de débitos fiscais), seguido de crescimento de 47% até 2021, atingindo um total de R$ 3.6 bilhões. 

Essa lista é liderada pelo Corinthians, com R$ 534 milhões e um aumento de R$ 117 milhões em relação ao ano anterior. 

O Atlético-MG aumentou sua dívida tributária em R$ 23 milhões. 

Foram os últimos a ultrapassar R$ 300 milhões nessa categoria de dívida.

Endividamento por empréstimos: O Atlético-MG lidera a lista com larga vantagem: R$ 580 de milhões de endividamento com empréstimos. 

O segundo colocado, o Athletico-PR, tem R$ 291 milhões. 

Neste item se destaca o Palmeiras com uma redução de R$ 183 milhões em dívidas de empréstimos bancários em relação a 2020. 

O Grêmio, por outro lado, mais do que triplicou sua dívida neste item, passando de R$ 7 milhões em 2020 para R$ 23 milhões no ano seguinte.

Endividamento líquido X receita total:

Entre os gráficos no levantamento da EY há um comparativo entre o endividamento líquido e a receita total dos clubes, traçando uma correlação entre os valores. 

O pior desempenho foi do Cruzeiro, com endividamento líquido do clube sete vezes superior ao faturamento realizado. 

Sem levar em consideração as receitas provenientes de transferências de jogadores, o Botafogo assume a liderança dessa lista, com um endividamento líquido mais de 10 vezes superior ao faturamento em 2021.

Mas há notícias boas em General Severiano. O Botafogo teve o quinto maior superávit entre os clubes analisados. 

Essa lista é liderada por Flamengo e Palmeiras, ambos impulsionados por receitas de transmissão e premiações. 

O Vasco também se saiu bem e ficou em terceiro.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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