Erik ten Hag no Manchester United: o desafio de impor coerência a um clube sem rumo.
Contratação de técnico do Ajax é boa escolha, mas Ten Hag terá desafio além das quatro linhas para se consolidar no cargo em um ambiente completamente diferente do clube holandês.
Depois de meses de especulação, o Manchester United, enfim, confirmou seu novo técnico para a próxima temporada.
A escolha por Erik ten Hag, responsável por grande trabalho no Ajax nos últimos anos, é boa no papel e parece até óbvia em meio à bagunça generalizada do Manchester United e à falta de técnicos de topo disponíveis no mercado.
A questão maior é se o treinador holandês terá condições de repetir no clube inglês o sucesso obtido anteriormente.
Ten Hag virou coqueluche na Europa depois de montar um Ajax envolvente que goleou o Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu na Liga dos Campeões em 2019.
Aquela equipe esteve a segundos de alcançar a final do torneio.
Desde então, Ten Hag remontou o time, dominou o futebol holandês e teve outros bons momentos na Europa.
O Ajax, porém, é um ambiente completamente diferente do Manchester United.
O clube holandês é organizado, tem um processo claro de pensar futebol desde as divisões de base, e isso se reflete no time profissional.
Até onde o sucesso de Ten Hag foi fruto de uma máquina bem montada e até que ponto o talento dele como treinador foi primordial para os bons resultados?
Seu trabalho no Manchester United será uma boa resposta.
O clube inglês vive há anos como um navio gigante sem comando.
A inércia dos anos sob o comando de Solskjaer corroeu o pouco de organização interna e deu lugar a uma contratação sem a menor convicção em Ralf Rangnick, um intelectual do futebol engolido pelos meandros de Old Trafford na tentativa de impor seu estilo de futebol.
Mais do que ideias de jogo, o maior desafio de Ten Hag será controlar este ambiente no Manchester United.
Desde jogadores de salários astronômicos e rendimento inversamente proporcional, como Pogba, Maguire, Varane e outros, até os problemas crônicos de tomada de decisões, especialmente no mercado.
A imprensa inglesa noticiou que Ten Hag teve a promessa de ter a palavra final na montagem do elenco.
É um avanço em relação a Rangnick, que agonizou na última janela ao tentar sem sucesso trazer jogadores compatíveis com suas ideias.
O novo técnico tem como prioridade trazer um zagueiro, um volante e um centroavante, claramente posições deficientes no atual plantel.
Os desafios da montagem do elenco: O Ajax de Ten Hag atuou majoritariamente numa estrutura de 4-3-3.
A filosofia de jogo se assemelha aos principais técnicos da atualidade, como Guardiola e Klopp: pressão intensa, equipe ofensiva e proativa e muita intensidade.
Em tese, a escolha por Ten Hag é promissora neste sentido, mas houve a mesma expectativa quando Rangnick foi contratado interinamente.
Para adequar o atual elenco do Manchester United, a revolução prometida recentemente por Rangnick precisará acontecer de fato.
De Gea, por exemplo, é um ícone do clube e excelente goleiro, mas suas habilidades com o pé estão abaixo do esperado para um jogador de elite na posição.
Será interessante ver como Ten Hag abordará a situação.
Questões parecidas surgem com outros jogadores de influência no atual elenco, como Maguire na zaga e Cristiano Ronaldo no ataque.
O craque português segue decidindo jogos, mas representa um dilema: como seguir em frente se sua maior estrela parece cada vez mais distante do modelo de jogo escolhido?
A montagem do elenco será o primeiro dos muitos desafios de Ten Hag.
Como o Manchester United emergirá da próxima janela de transferências dará uma ideia melhor do que esperar do técnico holandês na primeira das três temporadas de seu contrato.
E mostrará, se de fato, ele conseguirá sobreviver para sua segunda temporada.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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