A uma semana do evento, Sport Promotion foi notificada de que não poderá representar 11 dos 19 times com quem tinha contrato.
A uma semana de seu início, o Campeonato Brasileiro da Série A vive uma turbulência nos bastidores que acabou com aquela que era a única propriedade comercial negociada em conjunto pelos clubes.
Na última quarta-feira (30), a Sport Promotion, que tinha o direito de vender placas de publicidade estática de 19 dos 20 clubes da Série A (só o Athletico Paranaense não era parceiro da empresa), foi notificada por pelo menos 11 desses clubes de que o contrato de representação entre eles será rescindido.
Os dez clubes que formaram o grupo Forte Futebol (América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Goiás e Juventude) e pelo menos Atlético-MG e Fluminense assinarão um acordo de três anos com a Brax, empresa recém-criada que fez uma proposta em que promete pagar o dobro do que a Sport Promotion repassa atualmente aos clubes pela exploração comercial dos 19 jogos que cada um faz como mandante no campeonato (cerca de R$ 5 milhões).
Segundo alguns clubes consultados pela reportagem da Máquina do Esporte, a proposta da Brax seduziu-os porque, além de ser financeiramente mais vantajosa, prevê uma isonomia na divisão de receita entre os signatários.
Esse argumento, inclusive, tem sido usado pela empresa para convencer novos clubes a firmarem contrato com ela.
A agência prometeu aos clubes sempre ter o mesmo contrato de exploração comercial, acabando com uma disparidade que existe atualmente no acordo da Sport Promotion, que paga valores fixos a Corinthians, Flamengo e Palmeiras maiores do que os que os demais clubes recebem.
Quando conseguiu fechar o acordo com os clubes, em 2018, foi essa a estratégia que ajudou a empresa a conseguir ter praticamente todo o campeonato.
Quando ainda estava negociando para tentar comprar os direitos de comercialização das placas de forma única, a Sport Promotion assegurou os acordos com Corinthians e Flamengo, que receberam antecipadamente R$ 12 milhões da agência.
Isso fez com que ela saísse vencedora de uma concorrência feita pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas que não teve efeitos práticos, já que a agência teve de negociar os acordos individualmente, o que fez com que só Athletico Paranaense e Palmeiras não aceitassem as condições da empresa.
Em 2019, a Sport Promotion fechou com o clube paulista, pagando mais do que aos outros times, e somente a equipe paranaense ficou sem acordo.
Para 2022, a agência já tinha negociado cotas de publicidade prevendo a exposição em 361 partidas do campeonato (apenas os jogos do Athletico em casa não teriam as placas da empresa).
Agora, a uma semana do evento, terá de renegociar com os compradores das cotas.
Procurada pela reportagem, a Sport Promotion disse que teve conhecimento de que os clubes estariam dispostos a “questionar” o contrato com a empresa, mas não confirmou se já houve pedido para a rescisão, como alguns clubes disseram ter solicitado.
“A Sport Promotion, detentora dos direitos de comercialização e agenciamento das placas de publicidade estática do Campeonato Brasileiro desde 2019, tomou conhecimento na noite de 30 de março da movimentação de alguns clubes no sentido de questionar o contrato que está em vigor até o final de 2023. A Sport Promotion avalia a situação e estuda medidas cabíveis. O maior objetivo em nossos 40 anos de história sempre foi assegurar os compromissos com clientes e parceiros que acreditam em um ambiente saudável de negócios no futebol”, disse a empresa.
O racha na negociação das placas de publicidade é mais um indicativo de que o projeto de formação da Liga de Clubes está estacionado.
A adesão de novos clubes, como Atlético-MG e Fluminense, para uma proposta comercial que prevê isonomia na divisão de receitas, mostra que existe uma divisão cada vez mais nítida entre os dirigentes.
Atualmente, Flamengo e os cinco times de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e São Paulo) estão ficando cada vez mais isolados na mesa de negociação.
Com a venda do Botafogo, o clube carioca tende a caminhar para um modelo de liga que seja mais igualitário na divisão de receitas.
Fluminense e Internacional também são outros dois clubes que estão cada vez mais próximos do conceito do Forte Futebol do que de uma liga com divisões diferentes de receita.
Reportagem: Maquinadoesporte.com.br
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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