Sonho acaba ainda no primeiro set, e Brasil dá adeus ao Mundial mesmo com vitória sobre o Japão.
Seleção brasileira chega a ter cinco pontos de vantagem na primeira parcial, mas permite a virada e é eliminada da competição.
É o pior resultado da equipe desde 2002, quando foi sétimo lugar.
Quando subiu à rede e parou no bloqueio de Araki, Gabi parecia carregar todo o peso da decepção.
O sonho de uma possível redenção durou apenas um set. Nesta quinta-feira, em Nagóia, o Brasil precisava vencer o Japão por 3 sets a 0 para avançar à terceira fase do Mundial.
Brasil sofreu com a incansável defesa japonesa. (Foto: Globoesporte.globo.com) |
Chegou a ter cinco pontos de vantagem na parcial, mas voltou a se perder na própria instabilidade.
Eliminada ainda no início, a seleção conseguiu renovar os ânimos para buscar a virada: 3 sets a 2, parciais 23/25, 16/25, 28/26, 25/21 e 15/11.
Uma vitória com muito pouco a festejar em um adeus melancólico.
Foi uma campanha marcada pela falta de equilíbrio.
A seleção, que sonhava com um título inédito, se despede ainda na segunda fase: em nove jogos, seis vitórias e três derrotas.
Termina o Mundial em sétimo lugar, no pior resultado desde 2002, quando também se despediu em sétimo.
O título da competição é o único dos grandes que falta para a equipe, bicampeã olímpica (em Pequim 2008 e Londres 2012).
O Brasil foi vice-campeão mundial em 1994, 2006 e 2010 e bronze em 2014.
A equipe fecha a segunda fase do Mundial em quarto lugar no grupo E, com 20 pontos, atrás das três seleções classificadas à terceira fase: Holanda, Japão e Sérvia.
No Grupo F, Itália e China entraram em quadra já classificadas.
Atuais campeões, os Estados Unidos, mesmo com uma derrota para as italianas por 3 a 1, conseguiram ficar com a última vaga.
Maior vencedora da história, com sete títulos, a Rússia foi outro gigante a se despedir do Mundial nesta quinta-feira (11).
Derrotadas pelas chinesas também por 3 a 1, desperdiçaram a chance de seguir na competição.
Tandara, com 24 pontos, foi a maior pontuadora do jogo, seguida por Fernanda Garay, com 20.
Pelo Japão, Koga marcou 23. Na saída de quadra, o choro com a eliminação.
Natália, Gabi, Dani Lins e Adenízia, entre outras, não conseguiram esconder a dor da eliminação.
Mais sereno, Zé Roberto lamentou a queda, mas ressaltou a luta até o fim.
"Era uma vitória importante em todos os sentidos. Foi muito importante resgatar, algumas jogadoras estavam segurando o choro. O time teve brio, teve força. Agora, é levantar a cabeça para o futuro", afirmou o treinador.
Em sorteio realizado após a partida, a organização divulgou os grupos da terceira fase.
No grupo G, Itália, Japão e Sérvia. No grupo H, Holanda, Estados Unidos e China.
A FIVB ainda vai divulgar a ordem dos jogos.
A seleção foi à quadra com uma mudança. Garay, que entrou bem contra a Holanda, voltou a ganhar a vaga de Drussyla.
Foram as japonesas, porém, que abriram a contagem, com Koga.
O início já mostrou como seria o desenho da partida.
Com muito volume de jogo, o Japão tentaria vencer o bloqueio brasileiro com rapidez.
Foi um começo equilibrado, com os dois times se alternando no comando do placar.
Um bloqueio de Tandara, porém, deu a vantagem ao Brasil antes do primeiro tempo técnico.
Aos poucos, o Brasil conseguiu se soltar.
Depois de Suelen salvar uma bola quase impossível, Fernanda Garay soltou o braço para marcar.
No ponto seguinte, Roberta apareceu livre para empurrar para a quadra rival e marcar 11/8.
A técnica Kumi Nakada, então, pediu tempo.
O Japão cresceu e ficou a um ponto do empate.
Àquela altura, no entanto, o Brasil parecia seguro.
Voltou a controlar o jogo e logo abriu 22/17.
Quando as japonesas marcaram dois pontos seguidos, Zé Roberto pediu tempo e tentou arrumar a casa. Mas, com um pouco de sorte, as japonesas chegaram ao empate.
O saque de Araki tocou na fita e caiu direto na quadra brasileira.
A virada veio em um erro de Tandara, ao vir de trás e pisar na linha de três metros na hora de atacar.
Quando Gabi ficou no bloqueio rival, o sonho chegou ao fim: 25/23.
Ali, o Brasil já estava eliminado do Mundial.
Era difícil voltar à quadra.
No intervalo, maior que o costume a pedido da TV japonesa, as jogadoras brasileiras tentaram se consolar.
Gabiru, por exemplo, tinha os olhos cheios d’água.
Ainda que não houvesse mais chances, era preciso voltar. Classificado, o Japão jogava solto diante de uma torcida tão barulhenta quanto animada.
Faltava ao Brasil a concentração para tentar reagir.
Na primeira parada técnica, as donas da casa já tinham 8/4 no placar.
Não demoraram a disparar.
A decepção pela queda era nítida, e o Brasil sequer conseguia fazer frente às rivais.
Logo, o Japão teve 18/10.
Zé Roberto tentou mudar, mandou Dani Lins, Drussyla e Adenízia à quadra, mas pouco adiantou.
Em um novo erro de Drussyla, fim de papo: 25/16.
O Brasil queria se despedir de forma digna.
Começou melhor o terceiro set e abriu 7/2.
Foi para o primeiro tempo técnico com 8/4 no placar.
Foi o sinal para que as coisas desandassem mais uma vez.
As japonesas reagiram e passaram à frente.
As brasileiras, porém, brigaram.
Ainda não queriam se despedir.
Salvaram quatro match points e tomaram a dianteira duas vezes na reta final, em uma virada improvável.
No ace de Fernanda Garay, fecharam o set: 28/26.
Na tentativa de se despedir ao menos com uma vitória, o Brasil se manteve à frente no quarto set.
Com Thaisa em quadra, a seleção buscou fortalecer seu bloqueio e abriu 9/6 no placar.
As japonesas conseguiram retomaram a vantagem e já tinham 16/12 no segundo tempo técnico.
O Brasil, na marra, conseguiu retomar o controle do jogo mais uma vez.
No ace de Tandara, fez 21/16.
As japonesas ainda ficaram a um ponto do empate, mas Gabi forçou o tie-break: 25/21.
No tie-break, o Japão voltou a dominar a partida e abriu 3/0 logo no início.
Os erros brasileiros ainda estavam todos lá. Mas havia luta, porém.
Com um ace de Fernanda Garay, deixou tudo igual, em 7/7.
A partir dali, conseguiu se manter à frente até fechar em 15/11.
Confira as escalações:
Brasil: Roberta, Tandara, Gabi, Fernanda Garay, Bia e Adenízia. Líbero: Suelen.
Entraram: Dani Lins, Natália, Adenízia, Drussyla e Thaisa.
Japão: Tashiro, Koga, Shinnabe, Araki, Okumura e Kurogo. Líbero: Kobata.
Entraram: Ishii, Inoue, Nagaoka, Uchiseto e Shimamura.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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