sexta-feira, 20 de julho de 2018

Esporte e amizade: No dia do Amigo, 20 de julho

Quando relacionamos esporte e amizade, a foto primeira que se estabelece em nosso imaginário é de um time, de esportes coletivos.

Estes, por razões explícitas, contribuem para a formação de relações profundas e duradouras, afinal o praticante se coloca junto ao outro, em um trabalho sincronizado para se alcançar um determinado objetivo.

Um deve confiar no outro, há uma interdependência das ações e, quando há conhecimento mútuo, joga-se com as forças que o outro tem.

Por fim, esportes coletivos também ajudam pessoas a se adaptar melhor a novos lugares, contribuindo para novas interações com pessoas.

Assim, com a amizade entre participantes ressaltada, a prática de esportes coletivos é frequentemente recomendada para crianças e adultos.
A amizade dentro do esporte, leal e fidelidade nos momentos bons e ruins de um atleta. (Foto: Pdhpsicologia.com.br)
Por vezes, aos esportes individuais, sobra a fama da competitividade. 

Esquecemo-nos das amizades e do aprendizado nascido do fair play dos esportes individuais.

Provavelmente o tipo mais singular de relação de amizade é aquela desenvolvida entre duas pessoas rivais. 

Parecem conceitos antagônicos, mas existem relações verdadeiras e respeitosas de amizade entre rivais de um mesmo esporte.

Esse tipo de amizade se desenvolve nas competições e em vários encontros “face-a-face”, ou dentro do próprio treino, quando rivais treinam na mesma equipe. 

Nesse tipo de amizade, as duas pessoas são “iguais”, têm o mesmo nível de habilidade, compartilham um interesse comum e, provavelmente, admiram-se mutuamente.

A amizade construída na competição geralmente se inicia no respeito mútuo. 

Cada uma das partes aprendeu algo sobre a outra pessoa e valoriza suas habilidades ou conhecimentos. Mesmo com o desejo de ganhar também creditam a outra pessoa por suas vitórias.

Importante distinguir entre a amizade entre rivais e aqueles “amigos” que sempre tentam ser melhores que a outra pessoa.

Percebem-se sinais simples, como por exemplo, quando você conta uma história e a outra pessoa sempre tem uma história “melhor”, tentando chamar a atenção.

Um “amigo” invejoso tentará competir em coisas pessoais, como a atenção do seu namorado ou namorada, o modo de vestir, a atenção do técnico, etc. 

Em algum ponto da vida todos nós vamos competir por algo com um amigo por ter muitos interesses em comum, mas não o tempo inteiro.

Atualmente, o esporte amador adquire proporções parecidas às do esporte profissional em sua vivência, e a cada dia observamos o consumo do esporte como espetáculo.

A comercialização do esporte tem transformado os valores éticos e morais. 

Violência, suborno, doping, ações sem escrúpulos e inimizades fazem notícia. 

Talvez por isso atitudes de fair play, o famoso espírito esportivo, chamam tanto nossa atenção quando ocorrem e nos lembram que esporte e amizade podem andar juntos.

Triste notar que a Medalha Pierre de Coubertin, concedida àqueles atletas que mostram alto grau de esportividade e espírito esportivo nos jogos olímpicos, foi concedida apenas a onze atletas, desde 1964.

O esporte é um recorte de nossas vidas, nossas atitudes em campo, quadra, piscina, pista, etc. são espelhos daquilo que prezamos enquanto seres humanos.

Existem inúmeros exemplos de rivalidades saudáveis, que acontecem apenas no âmbito esportivo, preservando uma grande e profunda amizade.

Geralmente, este tipo de amizade incentiva a busca por melhores resultados, impulsiona e motiva o participante a ser sempre o melhor que pode ser.

Cabe a cada um, quando se tem autoconhecimento suficiente, escolher e construir os pilares de seus valores éticos no esporte. 

Você pode ter mais em comum com aquele rival que odeia do que você imagina.

A psicologia do esporte, além de contribuir para um melhor desempenho esportivo, pode contribuir para a abertura de novas possibilidades de existência dentro do próprio esporte.

Para terminar, deixo como exemplo as palavras de Ryan Lochte quando Michael Phelps anunciou sua primeira aposentadoria, após as Olimpíadas de 2012:

“Ele foi o competidor mais difícil que tive que encarar. E eu me diverti. E nós construímos uma amizade muito boa por causa disso. Eu gostaria que ele voltasse, gosto de nadar contra ele. Sentirei sua falta? Sim, eu sempre gostei de um desafio e é por isso que nós dois trabalhamos tão bem juntos. Nós empurramos um ao outro”.

Reportagem: Pdhpsicologia.com.br

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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