sexta-feira, 29 de julho de 2016

Série A e B no Nordestão

Que a Copa do Nordeste é um torneio mais rentável que os nove campeonatos estaduais, não há discussão. 

De 2013 a 2016, a movimentação financeira do regional passou de R$ 16 milhões para R$ 26 milhões. 

Cotas maiores, públicos maiores, alcance maior. 

Para discordar disso, somente sentado na cabeceira de uma federação. 

Por isso, os clubes vêm tentando ampliar o regional. 

Não necessariamente com mais participantes, mas visando o nível técnico, num formato corrido, com mais clássicos, com acesso e rebaixamento…

Em maio, no Recife, os sete maiores clubes se reuniram para discutir a reformulação da Copa do Nordeste, a partir de 2018. 

O objetivo era reduzir o torneio de 20 para 12 clubes, com a entrada, somente no primeiro ano, do G7, via ranking histórico. 

Dois meses depois, outra vez na capital, um novo encontro com o grupo (Náutico, Santa, Sport, Bahia, Vitória, Ceará e Fortaleza) e três convidados (América de Natal, ABC e Botafogo de João Pessoa). 

Foi a primeira reunião após a divulgação do calendário da CBF para 2017, que enxugou o regional (de 12 para 8 datas) e esticou os estaduais (de 14 para 18).

Entretanto, como o documento da confederação deixava aberta a possibilidade de negociação de datas, as federações devem ceder, ao menos no próximo ano, mantendo os mesmos formatos e regulamentos, tanto no Nordestão (fase de grupo, quartas, semi e final) quanto no Pernambucano (hexagonal, semi e final). 

Até porque os 20 clubes da Copa do Nordeste de 2017 já estão definidos. Com o imbróglio resolvido, o foco avançou a 2018, ganhando força a ideia de Séries A e B, com doze clubes cada. 

A segunda divisão seria composta pelas vagas oriundas dos estaduais, além do (dos) rebaixado (s) da primeirona. 

Inicialmente, ainda em abril, se discutiu a implantação de um torneio de acesso no formato de grupos. 

Hoje, as duas competições seriam idênticas, com turno completo.

Entre os locais, participaram Emerson Barbosa e Toninho Monteiro, diretores do Náutico, Arnaldo Barros, vice-presidente do Sport, e Alírio Moraes, mandatário do Santa Cruz. 

O dirigente coral ilustrou o desejo dos clubes e os obstáculos…
” A pauta na verdade foi a construção de uma proposta para ser levada às presidências da Liga (do Nordeste), federações estaduais e CBF quanto ao modelo de campeonato em 2018. 

Há um entendimento entre os clubes (da região) que devemos ter uma Série A e uma Série B, cada qual com 12 clubes. Nesse contexto, os campeonatos estaduais perderiam importância e espaço. 

Ou seja, muitas discussões à vista.”

Formato proposto pelos clubes*

Série A – 12 clubes, com turno único, semifinal e final (15 datas)

Série B – 12 clubes, com turno único, semifinal e final (15 datas)

*Acesso e descenso de uma ou duas equipes por ano, ainda em discussão 

Composição das divisões em 2018 (adaptação)

Série A – 7 clubes via ranking histórico e mais 5 vagas vias estaduais

Série B – 12 vagas via campeonatos estaduais (PE, BA e CE com 2 times)

Composição das divisões a partir de 2019

Série A – 11 (ou 10) melhores da A de 2018 e o campeão (ou 1º e 2º) da B

Série B – 12º lugar (ou 11º e 12º) da A 2018 e 11 (ou 10) vagas via estaduais**

** A definir quais estados teriam duas vagas

Na prática, a Lampions teria não só que evitar a redução (de 12 para 8), como aumentar a agenda (de 12 para 15). Um formato divisional com oito datas soa inviável. 

Com doze, poderia haver um turno e decisão em jogo único, até mesmo em estádios pré-definidos. 

Porém, haveria risco sobre o interesse do público devido ao duríssimo critério de classificação, para apenas duas equipes.

Na visão do blog, levando em consideração o respeito aos critérios técnicos de composição, o formato sugerido pelos clubes é o avanço natural (também em termos de transmissão e patrocínios), lembrando a edição de 2001, que deixou o formato grupos e mata-mata e partiu para o turno único (na ocasião com 16 clubes), semifinal e final. 

Deu tão certo que o Nordestão de 2001 foi considerado pela imprensa nacional como o torneio regional de maior sucesso na época.

Curiosamente, no ano seguinte houve a implantação de uma divisão de acesso. 

Sim, o projeto atual não é inédito. 

Em 2002 o lanterna Confiança foi rebaixado, com 1 vitória, 1 empate e 13 derrotas. 

No segundo semestre a liga organizou um torneio seletivo com seis clubes – uma segunda divisão de fato, mas sem esse nome -, com vitória do Corinthians Alagoano. 
Um Nordeste vitorioso. (Foto: Blogs.diariodepernambuco.com.br) 
Tudo ok, caso a CBF não tivesse tirado o regional do calendário oficial em 2003, num processo (judicial) com sequelas até hoje. Não por acaso, os clubes estão tentando emular o passado.

Difícil será dobrar as federações sobre essa “independência” do Nordestão…

Reportagem: Blogs.diariodepernambuco.com.br/esportes/2016/07/27/series-a-e-b-do-nordestao-em-2018-um-desejo-dos-clubes-das-federacoes/)

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