terça-feira, 1 de setembro de 2020

Situação delicada

Perto da volta da Taça Libertadores da América, América do Sul tem números preocupantes de Covid-19.


A duas semanas do reinício, região tem seis países no Top-10 com piores taxas de óbitos de coronavírus por milhão de habitantes. 

Futebol ainda não voltou em quatro ligas.

A duas semanas da volta da Taça Libertadores da América, qual a situação da pandemia na América do Sul? 

Como a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) pretende minimizar os riscos de infecção com tantos deslocamentos e em áreas de diferentes estágios de contágio? 

Quem já voltou a jogar? 

As respostas são variadas. 

Mas o surto no Boca Juniors deu um indício.

Após seis meses, o maior torneio de clubes do continente vai voltar no próximo dia 15 de setembro. 

Isso significa também o retorno oficial do futebol para 10 clubes de seus 32 times. 

Em três países, as ligas nacionais não começaram ou não foram retomadas e seguem sem previsão de datas: Argentina, Bolívia e Venezuela. 

Na Colômbia, voltará uma semana antes da Taça Libertadores da América.

O globo esporte traz um panorama de cada um dos 10 países da América do Sul em relação à pandemia do novo coronavírus e ao momento dos clubes.

Os 14 jogadores com registros positivos no Boca Juniors na última segunda-feira (31) ligam o sinal de alerta e evidenciam: os números do continente ainda preocupam.

Segundo dados da Universidade Oxford, seis países da América do Sul estão na lista dos 10 que registram, no momento, as maiores taxas de óbitos por milhão no mundo: Colômbia, Bolívia, Argentina, Peru, Brasil, que formam o Top-5, e o Chile, em nono. 

Essas nações estão com média móvel, dos últimos sete dias, entre 2,93 e 5,75.

Como comparação, a Espanha chegou a registrar média móvel de 18,5 mortes por milhão no início de abril. 

Mas o futebol só voltou no país quando esse número estava abaixo de 1. 

Dois presidentes de confederações sul-americanas morreram vítimas da Covid-19: o boliviano César Salinas e o venezuelano Jesús Berardinelli.

Para a médica Fátima Marinho, do Instituto de Estudos Avançados da USP (Universidade de São Paulo), o continente sul-americano ainda tem regiões com curvas de contágio ascendentes.

"Estamos com uma expansão grande na América do Sul. Se você pensar em média, temos o Brasil em um platô alto, agora começando a declinar, o Peru em um platô alto, relativamente maior, e por um tempo maior. A Colômbia está subindo, assim como a Bolívia e Argentina", diz Fátima.

“Brasil, Chile e Peru estão estabilizados em valores altos, mas com tendência de declínio, que vai levar pelo menos uns três meses”, avalia a especialista.

A Conmebol levou meses e várias horas de reuniões para elaborar três documentos que serão os guias para a volta da Taça Libertadores da América e da Copa Sul-Americana: protocolo de operações para o reinício das competições, outro de recomendações médicas para treinos, viagens e treinos e um apenas para os deslocamentos.

Os documentos foram submetidos à aprovação dos governos dos 10 países membros da Conmebol e apenas no último dia 28 de agosto, quando obteve o aval do Uruguai, conseguiu o sinal verde de todos. 

O globo esporte enviou perguntas à entidade a respeito do protocolo e da situação da pandemia no continente, mas não obteve respostas.

Sem beijo na bola: Com as fronteiras totalmente fechadas em sete dos 10 países e com restrições nos demais, a Conmebol vai garantir os deslocamentos em regime de exceção. 

Todos os times visitantes viajarão em voos fretados subsidiados quase integralmente pela entidade.

São obrigatórios testes do tipo PCR 24 horas antes da viagem.

O protocolo prevê o mínimo de contato da delegação com outras pessoas. 

A Conmebol destinou um total de U$ 20 milhões (R$ 109 milhões) para custear os voos e os testes. 

O jogador ou qualquer funcionário que não realizar o exame será impedido de participar das partidas.

Veja mais sobre o protocolo de viagens da Conmebol: Serão permitidas no máximo 271 pessoas no estádio, com limite de 50 por clube, dos quais apenas 31 podem entrar no campo. 

Todos devem ser testados. 

Uruguai e Chile também devem exigir testes na chegada dos times visitantes aos países. 

A recomendação é que cada equipe visitante fique no país de destino durante no máximo 36 horas.

O Flamengo conseguiu uma liberação para permanecer no Equador por um tempo maior por ter dois jogos seguidos no local. 

O coordenador médico do time carioca, Márcio Tannure, diz que a experiência no Campeonato Brasileiro ajuda na adaptação ao protocolo da Conmebol.

"O Brasil é um país continental, há estados com uma incidência maior, ou que o pico já passou, como hoje no Rio de Janiero. Há essa diferença. Mas para os outros times sul-americanos que não têm essa experiência como nós, com campeonatos que nem voltaram, talvez seja uma novidade maior. Há uns países com regras específicas, mas vai ser muito parecido com o que a gente está vivendo", avaliou Tannure.

A Conmebol permitiu o aumento da lista de inscritos de cada clube de 30 para 40 jogadores e, com isso, quer evitar a remarcação de jogos. 

Portanto, mesmo diante de um alto número de casos positivos em uma equipe, a entidade deve manter seu calendário.

Confira outras particularidades do protocolo da Conmebol:

Proibição para jogadores e comissão de cuspir e assoar o nariz antes, durante e depois do jogo na área da competição (campo de jogo e banco de reserva).

Proibição para jogadores e comissão de beijar a bola antes, durante e depois do jogo.

Obrigatoriedade para jogadores e comissão de usar garrafas individuais de água e bebidas isotônicas.

Proibição de trocar ou presentear a camisa ou qualquer outra parte do uniforme com rivais ou companheiros de mesma equipe ou qualquer outra pessoa.

Uso obrigatório de máscaras aos jogadores e comissão que se encontram no banco de reservas.

Proibida a troca de flâmulas ou presentes entre ambas equipes.

Veja a situação de cada país:

ARGENTINA: A Argentina vive um aumento do número de casos e óbitos desde o meio de junho. 

É um dos quatro países onde o futebol ainda não voltou. 

Seus cinco representantes na Taça Libertadores da América só voltaram aos treinos no último dia 10 de agosto. 

Inicialmente, trabalharam em grupos de no máximo seis pessoas. 

As atividades com toda a equipe só foram permitidas a partir desta semana. 

Tigre, River Plate, Racing, Defensa y Justicia e Boca Juniors não disputam jogos oficiais desde março.

BOLÍVIA: A Bolívia tem uma estabilidade em sua taxa de óbitos por milhão por coronavírus, mas ainda elevado. 

O futebol no país não voltou. 

Bolívar e Jorge Wilstermann receberam autorização especial para a volta aos treinos e retomaram suas atividades no dia 31 de julho.

BRASIL: O Brasil foi o primeiro país no continente a voltar a realizar jogos oficiais, com os estaduais. 

O Campeonato Brasileiro voltou no dia 8 de agosto. 

A curva de contágio do país, no entanto, só registra ligeira queda nos últimos dias, depois de mais de dois meses em estabilidade com números elevados.

CHILE: O Chile passou por um estágio preocupante na pandemia, mas tem números em queda no momento. 

No gráfico, a alta repentina no dia 18 de julho se refere a uma mudança na metodologia adotada pelo Ministério da Saúde do país. 

O futebol chileno voltou no último fim de semana. 

A Associação Nacional de Futebol Profissional (ANFP) do Chile passou por eleições no fim de julho e isso atrasou o movimento pela retomada das atividades. Pablo Milad é o novo presidente da entidade.

COLÔMBIA: Ao lado do Peru, a Colômbia é o país com situação mais preocupante. 

No momento, apresenta o chamado platô, ou estabilidade, mas com números elevados na pandemia. 

No início desta semana, foi anunciada a disputa da Superliga de 2020, que reúne os dois campeões do Apertura e Clausura do ano passado: Junior Barranquilla e América de Cali.

Eles se enfrentam em dois jogos nos dias 8 de setembro e 11 de setembro.

Os clubes que jogam a Taça Libertadores da América treinam desde o dia 14 de julho, mas ainda estão entrando na quarta de cinco fases do cronograma para o retorno das atividades. 

Ainda não há data para a volta do Campeonato Colombiano, mas deve ocorrer no dia 19 de setembro.

EQUADOR: O Equador viveu uma grande crise em relação ao coronavírus entre abril e maio e agora tem estabilidade. 

A liga voltou no dia 14 de agosto.

PARAGUAI: O Paraguai vive um aumento de casos e mortes por coronavírus no último mês depois de um longo tempo de controle da pandemia.

Mesmo assim, ainda é um dos países com melhores números no continente. 

O Campeonato Paraguaio foi a primeira liga nacional a retornar na América do Sul: no dia 21 de julho.

PERU: O Peru tem situação preocupantes em relação à pandemia do coronavírus e, assim como o Brasil, tem estabilidade, mas com números elevados. 

O Campeonato Peruano voltou no dia 7 de agosto, mas foi suspenso após casos da doença em alguns jogadores. 

O torneio foi retomado normalmente no dia 25 de agosto, com todos os jogos em Lima.

Rival do São Paulo, o Binacional mandará seus jogos restantes na capital peruana. 

O Tricolor, adversário na estreia, foi, portanto, o único do Grupo D a encarar os 3,8 mil metros de altitude de Juliaca.

URUGUAI: O Uruguai é o país com menor número de casos e óbitos por coronavírus no continente. 

O controle rígido do governo uruguaio refletiu no futebol. 

Mesmo com situação controlada, o Campeonato Uruguaio só pôde ser retomado no dia 9 de agosto.

VENEZUELA: Os números do governo venezuelano indicam uma situação controlada no país, com ligeiro aumento recente, mas ainda longe dos apresentados pela vizinha Colômbia. 

Mesmo assim, o futebol ainda não voltou por lá. 

O Campeonato Venezuelano foi suspenso, e a próxima edição não tem data para voltar. 

Representantes do país na Taça Libertadores da América, Caracas e Estudiantes de Mérida só voltaram aos treinos no dia 20 de agosto.

Confira a situação de cada país no link abaixo:

https://bit.ly/34QE9UR

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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