Naquele 9 de julho de 1972, o Maracanã vivenciou mais uma de suas emblemáticas noites de futebol e emoção.
Jairzinho ao lado da Taça Independência. (Foto: CBF.com.br) |
Às 18 horas, a Seleção Brasileira entrava em campo para a decisão da Taça Independência, competição organizada pela CBD (Confederação Brasileira de Desportos) para comemorar os 150 anos da independência do país.
Por coincidência histórica, o título seria disputado contra o colonizador Portugal.
Quase cem mil pessoas davam o som da euforia da torcida nas arquibancadas do Maior do Mundo, e embalava um time de estrelas. Jairzinho, Rivelino, Gerson, Tostão, Clodoaldo e companhia sabiam que aquele dia era especial, como dois anos antes, quando o planeta havia reverenciado o futebol verde e amarelo nas quentes terras mexicanas.
Aos 44 minutos do segundo tempo veio a sensação de alívio.
A espera pelo grito de gol terminou com o toque de um craque em especial: Jairzinho.
O Maracanã era um só.
E a catarse veio pela cabeça do Furacão de 70.
Bem no seu estilo, veloz e habilidoso, adiantou-se ao lateral esquerdo português, que só pode fazer a falta. Perigosa.
Ao lado esquerdo da grande área do time liderado por Eusébio e que tinha como base a equipe do Benfica.
O Rivelino foi para a bola.
Eu falei que eu ficaria na marca do pênalti, e correria para o primeiro pau.
“Bota essa bola lá”.
Rivelino, como Gerson e outros meias, botava a bola onde queria.
Tinha qualidade para isso.
Houve esse entendimento, essa sincronização.
Quando ele correu para bola, eu fiz a movimentação e cheguei na frente do goleiro, cabeceando para o gol descreve o próprio autor em visita ao Museu Seleção Brasileira.
Dezoito seleções se hospedaram no país para a participação no torneio, considerado na época uma versão reduzida de uma Copa do Mundo.
Além delas, mais duas delegações que representaram a África e a Concacaf completaram a lista de equipes. Dez cidades sediaram os jogos.
O Brasil entrou na segunda fase, a etapa final, no grupo A, ao lado de Tchecoslováquia, Escócia e Iugoslávia.
A Seleção Canarinho empatou sem gols com a primeira e venceu as duas últimas.
Ambas vitórias com a marca do Furacão.
O título da Taça Independência representou uma grande conquista pessoal para Jairzinho, uma continuidade de sua carreira e do sucesso nos campos.
Tudo isso, no entanto, poderia ter sido diferente.
Ele conta:
Em 71, eu tive um pesadelo de contusão no quadríceps.
Quase fiquei inutilizado para o futebol.
Minha sorte foi ter encontrado um médico de muita qualidade.
Ele me salvou.
Sempre tive confiança no meu trabalho e sempre busquei fazer o melhor possível.
Foi uma sequência do meu trabalho e do meu sucesso, continuidade da conquista de 70, quando fomos considerados por muitos como a melhor seleção de todos os tempos recorda o Furacão, que destaca mais um fato sobre a Taça Independência.
Tivemos uma responsabilidade imensa de estar jogando no Brasil sem a presença do nosso maior ídolo, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, explicou Jairzinho.
O Rei Pelé despedira-se da Seleção Brasileira um ano antes, consagrado pelo Tricampeonato mundial e o doce fardo de já ser o maior jogador de todos os tempos.
Naquela noite de 9 de julho, era Gérson quem desfilava seu talento pela última vez com a Amarelinha.
Quis o destino que o Brasil ganhasse a Taça Independência com muita qualidade.
Quis ele que fosse Jairzinho fazendo o gol do título contra Portugal, encerrou o ex-jogador, com um sorriso de satisfação no rosto.
Seleção Brasileira na Taça Independência:
28/06/1972 - Brasil 0 X 0 Tchecoslováquia
02/07/1972 - Brasil 3 X 0 Iugoslávia
05/07/1972 - Brasil 1 X 0 Escócia
09/07/1972 - Brasil 1 X 0 Portugal - Final
Escalação do Brasil: Leão, Zé Maria, Brito, Vantuir, Marco Antônio (Rodrigues Maia), Clodoaldo, Gérson, Rivelino, Jairzinho, Tostão e Leivinha (Dario). Treinador: Zagallo.
Reportagem: CBF.com.br
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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