Em carta, Ronaldo pede que eleição da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) seja marcada com antecedência de 30 dias.
Pré-candidato à presidência da CBF, ex-jogador também solicita que eleição tenha supervisão presencial da FIFA (Federação Internacional das Associações de Futebol) e da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), "para dar mais transparência" ao pleito.
O ex-jogador Ronaldo enviou nesta segunda-feira (24) carta para CBF, FIFA, Conmebol e presidentes de clubes das Séries A e B com pedidos para a próxima eleição na entidade que comanda o futebol brasileiro.
Pré-candidato à presidência da CBF, Ronaldo solicita que a data do pleito seja definida com antecedência mínima de um mês, "a fim de assegurar a organização e participação dos interessados".
Além disso, o ex-jogador pede supervisão da FIFA e da Conmebol, "para dar mais transparência e segurança jurídica ao processo eleitoral".
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal homologou acordo entre a CBF, cinco dirigentes e a Federação Mineira de Futebol (FMF), legitimando a eleição realizada em 2022 que elegeu Ednaldo Rodrigues.
A medida assegura a permanência de Ednaldo até o fim do mandato em março de 2026.
Com isso, o atual presidente da CBF pode convocar o próximo pleito a partir de 23 de março deste ano.
Na carta, Ronaldo cobra transparência do processo eleitoral e diz que "o modelo dificulta (quiçá, impede) o surgimento de candidaturas alternativas".
Veja a carta completa mais abaixo.
A CBF respondeu a reportagem do Globo Esporte às 23h17 (horário de Brasília) e disse que recebia a manifestação de Ronaldo com "respeito e atenção", reforçando que o estatuto atual da CBF foi "revisado pela FIFA" e aprovado em assembleia pelas 27 federações estaduais.
"No que se refere ao processo eleitoral, ele segue critérios objetivos e bem definidos, garantindo que qualquer pessoa que atenda aos requisitos formais possa apresentar sua candidatura. A governança da CBF prima por um modelo transparente e democrático, permitindo que aqueles que desejam contribuir para o desenvolvimento do futebol brasileiro possam fazê-lo de maneira legítima, respeitando os trâmites estabelecidos", diz trecho da nota da CBF.
Leia completa mais abaixo.
Hoje empresário e ex-dono da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Cruzeiro, Ronaldo anunciou em dezembro que é pré-candidato à presidência da CBF.
Ele precisa de apoio de pelo menos 4 federações e 4 clubes para formar chapa e viabilizar candidatura.
A última eleição com 2 candidatos na CBF foi realizada em 1989, quando Ricardo Teixeira, com apoio de João Havelange, derrotou Nabi Abi Chedid, candidato do então presidente Giulite Coutinho.
O colégio eleitoral é formado pelas 26 federações estaduais e a do Distrito Federal, que têm voto com peso 3, pelos 20 clubes das Série A (peso 2) e pelos 20 clubes da Série B (peso 1).
Confira a carta de Ronaldo:
"Prezados Senhores,
Conforme comuniquei publicamente, pretendo me candidatar à presidência da CBF no próximo pleito.
Preocupa-me, no entanto, a falta de transparência e segurança jurídica no processo eleitoral, que pode comprometer a imparcialidade e a legitimidade das eleições.
É notório que, com o estatuto vigente, o presidente em exercício tem controle absoluto de todo o processo, o que, por si só, nos distancia das condições de concorrência leal e isonômica.
Além de não contribuir para a integridade do pleito, o modelo dificulta (quiçá, impede) o surgimento de candidaturas alternativas.
Ademais, a crise dos últimos anos no comando da CBF, marcada por uma série de interferências externas e disputas judiciais incompatíveis com a autonomia e grandeza da entidade, maculou sua reputação a nível mundial e colocou em risco a sua independência.
Se existe um fato incontestável nesses anos de imbróglio, que, inclusive, antecede a atual gestão, é que essa sucessão de acontecimentos gerou um sentimento coletivo de insegurança jurídica e afetou negativamente a credibilidade da confederação.
Faltam menos de 16 meses para a próxima Copa do Mundo, chegaremos a 2026 com um jejum de 24 anos sem o título, e tudo que o futebol brasileiro não precisa agora é passar por um processo eleitoral de legitimidade duvidosa.
O que precisamos é de tempo para dar voz e espaço aos clubes que, unidos, são ainda mais fortes.
Para escutar as federações em prol de melhorias nas competições e desenvolvimento do esporte em seus estados; para que a força da visão compartilhada, no alinhamento estratégico, nos conduza à mudança.
À luz dessas preocupações, solicito que a data para as próximas eleições, cujo prazo estatutário é de um ano a partir de 23 de março de 2025, seja definida com antecedência mínima de um mês, a fim de assegurar a organização e participação dos interessados.
Solicito ainda que o pleito seja supervisionado presencialmente pela FIFA e pela CONMEBOL, para dar mais transparência e segurança jurídica ao processo eleitoral, bem como alinhamento aos princípios internacionais de governança no futebol.
Está nas mãos do colégio eleitoral a oportunidade e a responsabilidade de atender à urgência de um choque de gestão na CBF, que comece por restaurar a confiança na instituição e seja sustentável no longo prazo.
Reitero minha completa disposição colaborativa para a reconstrução da credibilidade e proteção do futuro da entidade.
O futebol brasileiro é patrimônio público, cabe a nós defendê-lo."
A nota da CBF:
"A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) recebe com respeito e atenção o questionamento feito por Ronaldo sobre a legitimidade e transparência do processo eleitoral da entidade.
Em um cenário esportivo onde a governança e a conformidade com as normas são pilares fundamentais, prezamos pela clareza e pela adesão aos mais elevados padrões institucionais.
Gostaríamos de esclarecer que o estatuto da CBF foi revisado pela FIFA e, posteriormente, aprovado em assembleia pelas 27 federações estaduais que integram o sistema do futebol brasileiro.
Esse estatuto, que rege não apenas o processo eleitoral, mas também todas as diretrizes institucionais da CBF, é um documento público e está disponível para qualquer pessoa interessada em conhecer suas disposições.
No que se refere ao processo eleitoral, ele segue critérios objetivos e bem definidos, garantindo que qualquer pessoa que atenda aos requisitos formais possa apresentar sua candidatura.
A governança da CBF prima por um modelo transparente e democrático, permitindo que aqueles que desejam contribuir para o desenvolvimento do futebol brasileiro possam fazê-lo de maneira legítima, respeitando os trâmites estabelecidos.
Por oportuno, informamos que a organização das eleições da CBF é responsabilidade de Comissão Eleitoral independente, cuja atribuição é justamente assegurar o cumprimento das normas estatutárias eleitorais e a lisura do processo eleitoral, a qual estará à disposição dos candidatos para o recebimento e análise de demandas relacionados ao pleito.
Ressaltamos que a CBF está e sempre esteve aberta ao diálogo, acreditando que um ambiente de debates respeitosos e construtivos fortalece não apenas a entidade, mas também o futebol nacional como um todo.
Caso tenha interesse em obter mais informações sobre o processo eleitoral ou outros aspectos institucionais da CBF, permanecemos à disposição para esclarecimentos adicionais."
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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